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A Comunitas finalizou, no dia 15 de novembro, a 4ª edição do programa de formação internacional. O projeto, direcionado para lideranças dos setores público e privado, contou com 24 pessoas em sua comitiva e tinha como objetivo principal abordar estratégias mais eficazes para garantir a melhoria da segurança pública no país.
A ação foi realizada a partir de uma parceria entre a Comunitas e a Picker Center for Executive Education da School of International and Public Affairs (SIPA) da Universidade de Columbia e faz parte do eixo de atuação da organização voltado para o fortalecimento de lideranças, que visa capacitar e desenvolver o conhecimento técnico das principais lideranças responsáveis pela gestão de estados e municípios. Além disso, o programa tem também o objetivo de compartilhar práticas inovadoras implementadas em outros países, para inspirar gestores e transformá-los em agentes da mudança do setor público.
A formação teve duração de cinco dias e contou com a participação de 14 professores, especialistas de sua área de atuação, como o Professor em Prática em Assuntos Internacionais e Públicos, Dr. William Eimicke; o líder global em liderança em momentos de crises e chefe de bombeiros aposentado do Departamento de Bombeiros de Nova York, Joe Pfeifer; o Representante Permanente da Colômbia na Organização dos Estados Americanos (OEA), Pesquisador Visitante Residente na Washington College of Law, e Professor da Universidad Externado de Colombia, Andrés González Diaz; e o Professor de Prática Profissional em Assuntos Urbanos e Públicos e ex-prefeito da Filadélfia, Michael Nutter.
Ao todo, foram aproximadamente 35 horas de conteúdo programático para fornecer aos participantes um conjunto de ferramentas analíticas para desenvolver as habilidades de liderança necessárias para identificar as oportunidades de melhoria na área de segurança pública dos estados e municípios brasileiros.
Vamos conferir mais de perto sobre o que as lideranças aprenderam? Continue a leitura!
Lideranças em Momentos de Crise
Liderar e comunicar em momentos de crise exige competências que vão além do gerenciamento de situações cotidianas. Durante as aulas do programa, ministradas por especialistas como William Eimicke, Joe Pfeifer e Joann Baney, foram abordados aprendizados valiosos sobre resiliência, tomada de decisão e comunicação estratégica para lideranças.
William Eimicke destacou que a comunicação eficaz é a competência mais importante para um líder em situações críticas. Ele utilizou como exemplo a gestão da crise do 11 de setembro, quando o prefeito de Nova York reconstruiu a confiança pública ao esclarecer o que era fato, boato ou desconhecido, utilizando uma abordagem direta e empática. Essa postura foi essencial para lidar com o impacto emocional da tragédia e manter a população informada. Além disso, Eimicke enfatizou a importância de escutar ativamente para compreender as necessidades das pessoas, destacando que a liderança não é apenas falar, mas também ouvir.
Joe Pfeifer, chefe dos bombeiros durante o 11 de setembro, compartilhou sua experiência ao tomar decisões rápidas e complexas em situações de vida ou morte. Ele enfatizou a necessidade de flexibilidade entre decisões intuitivas e analíticas, adaptando-se ao contexto em tempo real. Pfeifer introduziu o conceito de resiliência adaptativa, destacando que enfrentar tragédias requer não apenas força operacional, mas também cognitiva, política, social e emocional. Ele ressaltou a importância do propósito coletivo, evidenciado por ações comunitárias e homenagens que fortalecem o senso de união e ajudam na recuperação emocional.
Na mesma linha, William Eimicke discutiu os erros mais comuns na tomada de decisões em crises, como o foco excessivo em números, que podem ser mal interpretados sem o contexto adequado. Ele alertou contra o viés de confirmação, que ocorre quando líderes buscam apenas evidências que sustentem decisões pré-tomadas, e o apego ao status quo, que muitas vezes impede mudanças estruturais necessárias. Eimicke enfatizou que transformar realidades exige coragem para desafiar práticas estabelecidas e aceitar os riscos associados a essas transformações.
Por fim, Joann Baney trouxe uma perspectiva prática sobre a comunicação em crises, introduzindo o conceito de AIM (Audience, Intent, Message). Ela destacou que é fundamental conhecer o público-alvo, identificar claramente a intenção da mensagem e garantir que ela seja memorável. Baney reforçou que crises não são problemas rotineiros: elas demandam respostas rápidas e estratégicas, especialmente em um cenário onde as redes sociais ampliam a exposição das organizações em tempo real. Para uma comunicação eficaz, líderes devem combinar empatia, clareza e engajamento. A professora também enfatizou a importância de mensagens-chave repetidas de forma marcante, como o uso de frases impactantes que resumem ideias complexas, a exemplo de “candles can kill” em campanhas de prevenção de incêndios.
Essas aulas mostraram que liderar em momentos de crise requer não apenas habilidades técnicas, mas também resiliência emocional, propósito coletivo e comunicação estratégica. Os aprendizados apresentados reforçam a importância de líderes bem preparados para tomar decisões difíceis e manter a confiança do público em situações críticas.
O Valor Social das Parcerias Público Privadas
Na aula sobre Public Private Partnerships for Security e Social Value Investing, lecionada por William Eimicke, foram explorados os potenciais das parcerias público-privadas (PPPs) para gerar impacto social positivo. O professor destacou que, embora muitos desafios globais — como desigualdade, mudanças climáticas, insegurança alimentar e corrupção — pareçam complexos e de difícil solução, as respostas frequentemente surgem por meio de colaborações inovadoras entre os setores público, privado e filantrópico.
Eimicke trouxe exemplos concretos de parcerias bem-sucedidas em Nova York que ilustram o impacto transformador desse modelo. Um dos casos mais marcantes é o do Central Park, que enfrentava um estado de degradação e insegurança antes da formação do Central Park Conservancy. Essa parceria formalizada em 1980 foi essencial para a revitalização do parque, tornando-o seguro, atrativo e funcional. Desde 1998, o Conservancy assumiu a administração cotidiana, com responsabilidades que vão desde manutenção e restauração até captação de recursos. Hoje, o Central Park é um espaço público de excelência, valorizando não apenas a experiência dos visitantes, mas também os imóveis ao seu redor, evidenciando os benefícios econômicos e sociais de uma PPP bem estruturada.
A aula também destacou o conceito de investimento de valor social, que busca criar soluções sustentáveis para desafios complexos, equilibrando benefícios sociais e retorno econômico. Esses casos exemplificam como PPPs podem ir além da prestação de serviços para reconfigurar espaços urbanos, promovendo segurança, valorização econômica e maior qualidade de vida para as comunidades envolvidas.
Com esses exemplos, Eimicke reforçou a mensagem de que parcerias eficazes exigem confiança mútua, objetivos claros e uma visão compartilhada de longo prazo, destacando o papel crucial da colaboração entre os setores para enfrentar desafios sistêmicos de maneira inovadora e inclusiva.
Violência e Mercados Ilícitos na América Latina e no Mundo
Apesar da tendência de queda nos índices globais de violência desde os anos 2000, as Américas continuam a registrar taxas alarmantes de homicídios, configurando-se como o continente mais violento do mundo. De acordo com o Global Study on Homicide 2023 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a região possui as maiores taxas regionais de homicídios, com destaque para a violência homicida relacionada ao crime organizado. Dos 15 países com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes, 14 estão nas Américas, sendo a África do Sul a única exceção.
Por Que o Continente Americano É Tão Violento?
Uma análise dos dados e das características regionais revela que a violência no continente é impulsionada por três fatores principais, definidos como a trilogia da violência:
- Exploração de mercados ilícitos: A expansão do tráfico de drogas e armas, junto com atividades como imigração ilegal, tráfico humano e contrabando, contribui significativamente para a violência. O aumento da produção e consumo de cocaína, conforme apontado pelo World Drug Report 2024, intensificou os conflitos, especialmente em países que atuam como corredores estratégicos para o tráfico, como a Colômbia.
- Presença de grupos armados ilegais: Esses grupos disputam os benefícios financeiros de mercados ilícitos, muitas vezes gerando altos índices de violência em áreas de atuação.
- Desigualdade social e instituições frágeis: A desigualdade, combinada com a ausência de estados fortes e eficazes, cria um ambiente favorável para o surgimento e a manutenção da violência.
Os homicídios nas Américas apresentam características distintas em relação a outras regiões, como a Europa. Enquanto na Europa a maioria dos homicídios ocorre em ambientes domésticos e é cometida por parceiros íntimos ou familiares, nas Américas, a violência está amplamente associada ao crime organizado e ocorre majoritariamente em locais públicos. Além disso, a impunidade é um fator crítico. Na América Latina, a taxa média de condenações é de apenas 4%, sendo ainda menor em países como a Colômbia, onde chega a 2%.
Mercados Ilícitos
O crescimento do tráfico de cocaína está entre os principais impulsionadores da violência na região. A produção e o consumo dessa droga atingiram níveis recordes nos últimos anos, contribuindo para:
- Aumento da violência nos países de trânsito, como os do Caribe e América Latina, onde grupos criminosos disputam rotas estratégicas.
- Corrupção de autoridades locais, minando ainda mais a confiança na governança.
- Competitividade no mercado europeu, onde a disputa por rotas e controle entre organizações criminosas têmtem levado ao aumento de homicídios.
Outro ponto destacado é a fragilidade no controle de armas de fogo, que potencializa o impacto da violência. Além disso, a alta taxa de impunidade na região cria uma percepção de ausência de justiça, alimentando ainda mais os ciclos de violência.
O professor Andrés González Díaz, trouxe a perspetiva do território colombiano, que hoje é o líder mundial de produção de cocaína, tendo ⅕ do território do país destinado a produção de narcóticos. Além de ser o segundo país no índice de crime organizado à nível global, disponível no portal do Global Organized Crime Index. Mesmo após o processo de paz, ainda existem diversos herdeiros de grupos paramilitares, e ao mesmo tempo existem grupos de outro nível, que são as gangues e quadrilhas. No total, são mais de 200 grupos que estão ligados ao mercado de crime no país, sendo considerado um “ecossistema de violência”.
Entenda mais sobre o processo de paz com as FARC com a Rede Juntos aqui!
Crime Organizado Transnacional
O crime organizado transnacional (TOC) tem crescido em alcance, complexidade e impacto, representando uma ameaça significativa à segurança global. Caracterizado pela capacidade de operar além das fronteiras nacionais, esse tipo de organização não apenas desafia governos e instituições policiais, mas também se adapta constantemente às novas tecnologias e dinâmicas globais.
A tecnologia desempenha um papel fundamental no crescimento e adaptação do crime transnacional. O uso de telefones criptografados, aplicativos de transferência de dinheiro e até mesmo criptomoedas permite que grupos criminosos operem com maior sigilo. Apesar das dificuldades impostas por métodos como mixers de blockchain, que dificultam o rastreamento de fundos, a tecnologia também oferece ferramentas para a investigação, como a rastreabilidade inerente ao blockchain.
A autenticidade de evidências digitais também se tornou um desafio. Vídeos e imagens, antes considerados provas inquestionáveis, agora exigem verificação rigorosa devido à possibilidade de manipulações digitais. Esse cenário reflete a necessidade constante de atualização nas práticas investigativas e nos sistemas de compliance.
Os impactos do crime organizado transnacional não se restringem ao tráfico de drogas, englobam também:
- Corrupção em governos e setores empresariais, enfraquecendo instituições e a confiança pública.
- Roubo de propriedade intelectual, prejudicando as economias legais.
- Tráfico de humanos e exploração de mercados ilícitos, agravando crises sociais e humanitárias.
- Financiamento ao terrorismo, mostrando como esses grupos podem servir como facilitadores para ações extremistas.
A interligação entre o TOC e o financiamento de atividades terroristas foi enfatizada, com exemplos práticos de como grandes quantias de dinheiro ilícito circulam entre grupos criminosos e terroristas. Essa conexão exige uma abordagem global para mitigar os riscos.
Caminhos das políticas públicas para construir sociedades mais pacíficas
Cada país possui suas melhores formas de agir, mas, de maneira geral, algumas diretrizes foram apontadas como fundamentais:
- Política integrada: As ações não devem se limitar ao uso da força pública, mas incluir abordagens sociais, econômicas e de reabilitação para abordar as causas profundas da violência.
- Política doméstica e internacional: O desmonte de mercados ilícitos exige não apenas esforços nacionais, mas também uma ampla discussão internacional, dada a natureza global desses mercados.
- Construção de consensos: Não é possível impor um ponto de vista unilateral. O sucesso dessas políticas depende de acordos construídos entre todas as partes envolvidas.
- Fortalecimento da justiça: Um sistema de justiça sólido é essencial para enfrentar os desafios da violência e das economias ilícitas.
- Desintegração das economias ilícitas: A continuidade dessas economias perpetua a violência e a emergência de novos grupos armados. Mesmo após o fim das FARC, outros grupos surgiram devido à atratividade econômica desses mercados.
- Regulação do mercado de armas: Um controle eficaz é necessário para reduzir a violência armada.
- Perspectiva dos cidadãos: Ouvir as pessoas impactadas pelas políticas é crucial para garantir que as ações governamentais sejam alinhadas com as necessidades reais da população.
- Governança equilibrada: Governar requer a capacidade de manter o equilíbrio entre o progresso democrático, a garantia dos direitos humanos e a aplicação da justiça. A violência prejudica o desenvolvimento do país, mas agir de maneira democrática, preservando os direitos humanos, é a chave para restaurar a ordem e a paz.
Além de que para combater o crime organizado é preciso uma abordagem sistêmica e integrada, que priorize a harmonização das legislações, o fortalecimento dos marcos regulatórios, a proteção dos direitos humanos, a construção de comunidades sustentáveis e a conscientização social.
Tecnologia e Segurança Pública
Kevin O’Connor compartilhou detalhes de sua longa carreira no Departamento de Polícia de Nova York (NYPD), onde testemunhou e participou da evolução da abordagem policial ao crime, com destaque para o uso de redes sociais e tecnologia, que segundo ele, serviu como ferramenta de monitoramento transformadora.
Inicialmente consideradas apenas um espaço para jovens, as redes sociais rapidamente se tornaram ferramentas cruciais para o trabalho da NYPD. O’Connor explicou que, com o apoio de prefeitos e tenentes, o departamento começou a monitorar atividades criminosas em áreas específicas da cidade, utilizando plataformas como Twitter, Instagram e Facebook.
Esse monitoramento possibilitou a identificação de gangues e indivíduos envolvidos em atividades criminosas, como tiroteios e homicídios, em regiões vulneráveis. Um caso emblemático foi a prisão de 605 membros de gangues em East Island, Manhattan, com base em provas coletadas nas redes sociais, sem a necessidade de longos julgamentos. As sentenças, que chegaram a 20 anos de prisão, foram possíveis graças à análise de dados geográficos e financeiros.
O’Connor destacou que o sucesso nas investigações dependia de uma estreita colaboração entre agentes em diversas localidades. Em um incidente envolvendo múltiplos homicídios dentro de um ônibus em Nova York, vídeos publicados nas redes sociais ajudaram a identificar os criminosos rapidamente. Ele ressaltou a importância de centros de inteligência interestaduais para lidar com crimes que atravessam fronteiras.
A investigação por redes sociais provou ser particularmente eficaz para monitorar gangues:
As gangues se gabam do que fizeram através de um post, você não é reconhecido pelos seus pares se você não se gabar do que você fizer. Embora não tenhamos acesso direto a bancos de dados da polícia, utilizamos informações públicas disponíveis por meio de inteligência automatizada e robôs. – Kevin O’Connor
O’Connor também discutiu a crescente importância das câmeras para o monitoramento. Embora a NYPD não seja proprietária da maioria das câmeras públicas, colaborações com entidades como o Rockefeller Center são essenciais. Ele destacou o uso crescente de câmeras de campainha em investigações, ampliando o alcance do monitoramento para além das estruturas governamentais. Essa integração de tecnologia, colaboração interinstitucional e análise de dados tem transformado a forma como o crime é combatido em Nova York, mostrando que inovação e adaptação são fundamentais no policiamento moderno.
O professor Zach Tumin destacou, em sua apresentação, o impacto da inteligência artificial (IA) na segurança pública, demonstrando como tecnologias avançadas estão transformando a maneira como os crimes são combatidos. Ele mencionou exemplos como o uso de reconhecimento facial não apenas para identificar indivíduos, mas também para compreender seus comportamentos e estilos de vida, contribuindo no combate ao tráfico humano, crimes ambientais e outras atividades ilícitas.
Entre os sistemas avançados discutidos, destacam-se o policiamento preditivo, que antecipa crimes com base em padrões históricos; sistemas de tráfego inteligentes, que otimizam o fluxo de veículos; e tecnologias de monitoramento ambiental, como a análise de imagens de satélite para identificar desmatamento e mineração ilegal. Além disso, a IA está sendo utilizada para interdições em cadeias de suprimentos ilegais e para direcionar chamadas de emergência, utilizando a personalização e a automatização como ferramentas centrais.
Esses sistemas são sustentados por cinco capacidades principais da IA: reconhecimento de padrões, para identificar comportamentos e tendências; mapeamento, que integra dados de terrenos e redes; personalização, usada para criar respostas adaptadas; otimização, que melhora a alocação de recursos; e reconhecimento de imagem e voz, essencial para identificar identidades biométricas e características de discursos. Tumin concluiu que o futuro da segurança pública está na expansão dessas tecnologias, otimizando o impedimento do crime antes que ele aconteça.
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Outro grande exemplo citado foi o Compstat, um sistema de gerenciamento de dados desenvolvido pelo Departamento de Polícia de Nova York (NYPD) para melhorar a eficiência policial, utilizando informações em tempo real para direcionar a resposta da polícia a áreas com maior incidência de crimes. Foi destacada a importância de ampliar a avaliação do policiamento além dos indicadores tradicionais de crimes reportados, propondo uma abordagem que integre dados sobre a percepção pública e a vitalidade dos bairros. Essa visão reconhece que a segurança pública envolve não apenas a redução de crimes, mas também a qualidade de vida e o sentimento de segurança dos cidadãos. Devido a isso, o Zach Tunim sugeriu medir três dimensões principais:
- Controle de Crime (NYPD): Dados sobre crimes reportados, qualidade de vida e o custo social do crime.
- Sentimento do Cidadão (NYPD): Opiniões sobre a polícia, sensação de segurança e apoio ao policiamento.
- Vitalidade dos Vizinhos (NYC): Indicadores de uso e manutenção de parques, qualidade das escolas e atividade comercial.
Para implementar essa avaliação de forma eficaz, foi apresentado um plano em etapas, focado na melhoria contínua dos processos de policiamento:
- Identificar os processos mais críticos no combate ao crime.
- Estabelecer benchmarks claros para orientar as ações.
- Corrigir falhas existentes e implementar controles para aumentar a eficácia.
- Projetar, testar e ajustar novos processos conforme necessário.
- Monitorar continuamente os resultados para garantir melhorias constantes.
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Perspectiva Local da Segurança
Nas aulas sobre segurança pública no âmbito municipal, o ex-prefeito de Filadélfia, Michael Nutter, destacou como colocou a segurança no centro de sua agenda durante seu mandato, enfrentando desafios como pobreza e alta criminalidade. Ele implementou estratégias focadas em aproximar a comunidade através do Youth Violence Prevention Plan, incluindo programas para jovens e horários estendidos em espaços públicos como parques e bibliotecas, além do uso de mídias sociais para monitoramento e prevenção de crimes. Essas ações culminaram em uma redução significativa nos homicídios da cidade, alcançando o menor número desde 1977.
Outros especialistas enfatizaram a necessidade de reavaliar o papel da polícia no enfrentamento de crises sociais, como saúde mental e desordem pública. Basil Smikle apontou que pelo menos 10% das chamadas de emergência envolvem crises de saúde mental, onde a abordagem policial tradicional pode ser inadequada. Ele defendeu reformas estruturais, como treinamento aprimorado para policiais, implementação de câmeras corporais para maior transparência e a criação de conselhos comunitários para mediar conflitos e fortalecer os laços com a comunidade. Também criticou a narrativa em torno do “desfinanciamento da polícia”,” propondo que o foco esteja em políticas progressistas para reduzir a violência e melhorar as práticas policiais.
Já Greenwald abordou a violência juvenil e a importância de estratégias de prevenção, intervenção e suporte a longo prazo. Ele destacou iniciativas como o Memphis Allies, que, por meio de parcerias estratégicas e financiamento privado, conseguiu envolver a comunidade e obter resultados mensuráveis. Táticas específicas, como criar rotas seguras para escolas, oferecer suporte integrado de saúde mental e preparar jovens para o mercado de trabalho, foram apontadas como essenciais.
Negociação e Colaboração em Segurança Pública É Possível?
A aula de encerramento com o professor Zachary Metz trouxe uma perspectiva essencial para concluir as discussões sobre segurança pública: a importância da negociação e da colaboração em contextos de conflito. Metz destacou que negociar vai além de alcançar acordos imediatos; é um processo de construção de relacionamentos sustentáveis e de estruturas colaborativas que moldam futuras interações.
O caso dos Acordos da Sexta-Feira Santa (Bloody Sunday) na Irlanda do Norte exemplifica como conflitos profundos podem ser resolvidos por meio de negociações bem bem-estruturadas. A transformação da polícia, antes vista como opressora, em um serviço respeitado pela comunidade, foi alcançada através da comunicação estratégica, empatia e compromisso com objetivos claros. Essa experiência ilustra que soluções eficazes para a segurança pública exigem diálogo e o envolvimento de todas as partes interessadas, indo além das soluções tradicionais de policiamento e controle.
Essa visão conecta-se com os temas abordados ao longo da formação, reforçando que desafios complexos, como crime organizado, violência urbana e questões ambientais, não podem ser resolvidos por abordagens isoladas. É necessário um esforço integrado e colaborativo que combine tecnologia, participação comunitária e estratégias de prevenção. Como Metz concluiu, negociar é mais do que resolver problemas: é construir um caminho de respeito e cooperação que permita enfrentar os desafios contemporâneos de forma conjunta e sustentável.
A equipe da Rede Juntos perguntou ao professor, como podemos estabelecer melhores diálogos sobre segurança pública, em vista de ser um tema tão polarizado no Brasil, assista a resposta dele em nosso canal de Youtube clicando nos links a seguir: parte 1 e parte 2!
E, você, gestor público? Tinha ideia do quanto o tema de segurança pública pode ser explorado? Nos ajude com sugestões de novas temáticas a serem discutidas aqui! Avalie o texto e escreva um comentário abaixo!
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