PT | EN | ES

Tendências e Possibilidades dos Governos Municipais em 2025

Publicado em: 10.01.25
Escrito por: Redação Tempo de leitura: 11 min Temas: Desenvolvimento econômico, Modernização da Administração, Planejamento Urbano
Voltar ao topo

Os prefeitos eleitos em outubro de 2024 tomaram posse nos respectivos cargos na primeira quarta-feira do ano, em 1º de janeiro de 2025. De acordo com a página de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), serão 5.543 prefeitos, 5.543 vice-prefeitos e 58.072 vereadores empossados para mandatos de quatro anos.

Do total de 5.543 prefeitos e vice-prefeitos que tomaram posse, 2.466 foram candidatos reeleitos e os demais estão no primeiro mandato como chefe do poder Executivo local. Neste novo cenário municipal, os governantes devem trazer a continuidade de políticas públicas e dotar de conhecimento sobre os desafios a serem superados no território para que novas políticas sejam implementadas nestes próximos anos. 

O time de conhecimento da Comunitas reuniu, neste texto, os principais temas e possíveis tendências que as lideranças municipais devem ficar de olho ao longo de 2025. Continue a leitura para saber quais são!

Uso da Tecnologia

De acordo com um artigo escrito pela Digix, o avanço da tecnologia no setor público neste ano poderá ser feito de diferentes formas. A partir da influência da Estratégia Federal de Governo Digital (EFGD) de 2024-2027, os municípios poderão seguir determinadas ações que forem efetivas e que caibam em suas realidades, trazendo assim mais eficiência, inclusão e segurança nos serviços oferecidos à população. 

Você sabia que...

Apenas 8% das cidades inteligentes no mundo estão localizadas fora da Europa, Ásia e América do Norte?

As principais tendências da área estão listadas abaixo: 

  • Inteligência Artificial (IA): Utilizar ferramentas como chatbots podem oferecer atendimento ao cidadão de forma mais rápida e eficiente, reduzindo filas e burocracia. A IA também permite análises preditivas que ajudam a antecipar demandas, otimizar recursos e melhorar a experiência dos cidadãos. Exemplo do que já acontece com o software eProcon. 
  • Blockchain: A adoção do blockchain na Administração Pública pode melhorar a transparência dos processos, permitindo maior visibilidade e facilitando a auditoria das atividades governamentais.  Além disso, a imutabilidade dos registros em blockchain pode contribuir para a prevenção de fraudes e corrupção, fortalecendo a integridade dos sistemas e das instituições públicas.  
  • Big Data: O uso de Big Data transformará a forma como decisões são tomadas. A análise de grandes volumes de dados ajuda na identificação de padrões e tendências. Com essa tecnologia, os governos podem prever crises, monitorar políticas públicas e alocar recursos de forma mais estratégica e eficiente
  • Internet das Coisas (IoT): A IoT conecta dispositivos e sistemas, permitindo a criação de cidades inteligentes. Pode-se citar como exemplos, sensores em tempo real para monitorar tráfego, consumo de energia e serviços de coleta de lixo.  
  • Plataformas de participação social: O governo espera ter três milhões de usuários ativos na Plataforma Brasil Participativo, colocando-a como um espaço de participação social e política. Nela, os cidadãos podem participar influenciando nas decisões de políticas públicas a nível local, como exemplos, o Plano Clima Participativo e Brasil Unido pelo Rio Grande do Sul. 
  • Plataformas digitais: Centralizam serviços, permitindo que cidadãos resolvam questões sem sair de casa, essa tendência aumenta a acessibilidade e reduz custos operacionais. 

No Brasil, pouco mais de 1.000 municípios cadastrados já gerenciam serviços on-line por meio da plataforma Cidades Gov.Br. Há ainda um desafio a ser superado, com o lançamento da Estratégia Nacional de Governo Digital pelo governo federal, como linha de crédito e um conjunto de recomendações para a ampliar e simplificar os governos digitais entre os entes da federação: Por onde os municípios devem iniciar e quais são os maiores desafios neste cenário de digitalização dos serviços? Recomendamos assistir o webinário do Tendências para as Cidades que abordou exatamente esta questão. Assista aqui!

Cidades mais inteligentes e sustentáveis...

É prefeito ou vice-prefeito? Cadastre o seu município na Plataforma inteli.gente e tenha acesso a métricas de diagnóstico do nível de maturidade e desenvolvimento tecnológico de seu município.

Ordenamento e Ocupação dos Espaços Públicos

A ocupação e o ordenamento dos espaços públicos envolvem reconhecê-los como locais fundamentais para a circulação, educação e convivência da sociedade. Para isso, é essencial promover o sentimento de pertencimento da população a esses lugares, valorizando o patrimônio cultural e ambiental e garantindo sua preservação.

Os Planos Diretores desempenham um papel estratégico nesse processo, ao integrar políticas públicas de áreas como saúde, educação, segurança, logística e habitação. Além disso, devem promover a integração territorial das cidades, incentivar o crescimento planejado e apoiar o desenvolvimento de programas sociais. Tudo isso contribui para que os cidadãos reconheçam, preservem e utilizem os espaços públicos de maneira mais consciente e inclusiva.

Conheça a Política Municipal da Criança na Cidade de Jundiaí aqui!

Um exemplo emblemático é o Parque Ibirapuera em São Paulo (SP), que surgiu de um Plano Urbanístico que transformou a infraestrutura e consolidou um espaço de lazer e convivência no meio urbano. Projetos como este mostram a importância de aliar elementos naturais, como água e áreas verdes, ao planejamento urbano.

Entretanto, este exemplo é um dos poucos do país. A grande maioria dos municípios brasileiros enfrenta carência de espaços públicos saudáveis, uma vez que a dinâmica urbana está subordinada à desigualdade da sociedade e o processo de urbanização não se constitui plenamente nos parâmetros da lei, segundo a arquiteta e urbanista, Mônica Moreno. Na imagem trazida abaixo, um dos grandes problemas é a ausência de infraestrutura de saneamento em áreas irregulares, como fornecimento de água e coleta de esgoto. Além da diminuição da mata que circunda a represa. 

Ocupação irregular em mananciais na Represa Billings, em São Paulo (SP). Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil.

Para trazer qualidade aos espaços públicos nas cidades, é possível adotar iniciativas como:

  • Criação de praças e áreas verdes em novos projetos de loteamento;
  • Requalificação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), garantindo seu uso de forma sustentável;
  • Intervenções em áreas de mananciais, promovendo a harmonia entre o urbano e o ambiental;
  • Projetos de reurbanização que revitalizam áreas degradadas, transformando-as em espaços acessíveis e funcionais.

Avanços no Debate Ambiental 

Em 2025, o Brasil será palco da 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), que ocorrerá em Belém, localizada no coração da Amazônia. O evento carrega a expectativa de avanços significativos, especialmente após a edição anterior ter deixado um sentimento de frustração entre os países em desenvolvimento devido aos valores acordados para o financiamento climático global. No contexto nacional, os desafios e impactos relacionados aos extremos climáticos continuarão a ser uma prioridade na agenda.

Os municípios brasileiros podem se beneficiar significativamente da realização de uma COP no país, tanto em termos de visibilidade quanto de oportunidades práticas para avançar em suas políticas socio-ambientais. Abaixo estão algumas formas de aproveitar esse momento.

A COP atrai atenção global para o Brasil, possibilitando que municípios tenham maior acesso a fundos internacionais para projetos climáticos e ambientais, como financiamentos de infraestrutura verde, apoio para projetos de energia renovável e eficiência energética e investimentos em soluções baseadas na natureza.

O evento promove diálogos entre diferentes níveis de governo, academia, terceiro setor e o setor privado. Os municípios podem aprender com as melhores práticas de outros países e regiões, aplicando soluções inovadoras de adaptação climática e sustentabilidade local. Também há potencial para novos empregos em setores como reciclagem, construção sustentável, agricultura regenerativa e ecoturismo.

Além disso, a COP realizada em território brasileiro pode sensibilizar a população local sobre questões climáticas e incentivar práticas mais sustentáveis, como o uso consciente de recursos naturais e o descarte correto de resíduos sólidos. 

Perdeu as notícias sobre a COP 29? Confira os principais destaques do evento com a Rede Juntos!

Planejamento da Arborização Urbana

O crescimento desordenado dos centros urbanos ao longo das décadas resultou na destruição de árvores nativas e na substituição por espécies exóticas. Em muitos casos, a busca por uma paisagem esteticamente agradável ou a tentativa de mitigar as ilhas de calor levaram ao plantio de árvores de grande porte, frequentemente em locais inadequados. Isso gerou conflitos com infraestruturas como redes de energia, sistemas de drenagem e pavimentação, tornando-se um desafio para grandes cidades.

Os eventos climáticos extremos registrados em 2024 destacaram ainda mais a importância do planejamento arbóreo. Chuvas intensas em diversas cidades brasileiras resultaram na queda de árvores sobre redes elétricas, muros e vias, gerando interrupções no fornecimento de energia e expondo a fragilidade da infraestrutura urbana diante das mudanças climáticas. Pelo contrário do que é defendido, a solução não é a redução do número de árvores e sim um planejamento e manutenção adequada para cada tipo de árvore e localização. Os principais motivos de queda são por muitas terem pouco espaço para crescerem, perderem o equilíbrio por causa de podas drásticas e malfeitas, não serem substituídas quando envelhecem e apodrecem, terem suas raízes cortadas durante obras na calçada, entre muitos outros motivos (conheça todos nesse texto da Fapesp). 

Com o agravamento do aquecimento global, repensar a relação das cidades com suas áreas verdes é essencial. Estudos mostram que árvores adequadamente posicionadas podem reduzir a temperatura local em até 5°C, contribuindo significativamente para o conforto térmico e a qualidade de vida da população.

Nesse contexto, o planejamento estratégico da arborização urbana é indispensável para os gestores públicos. Isso inclui o plantio de espécies adequadas ao espaço urbano, a manutenção das árvores existentes e programas de recuperação de áreas degradadas. Além de benefícios climáticos, árvores urbanas promovem a purificação do ar, a redução da poluição sonora e a valorização do espaço público, reforçando sua importância no desenvolvimento sustentável das cidades.

Segurança alimentar nos municípios

Em 2025, a segurança alimentar se apresenta como um tema crucial para os municípios brasileiros, considerando que, atualmente, 64,2 milhões de brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar, de acordo com o Pacto Contra a Fome. As informações divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e reforçadas pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) destacam a necessidade de acompanhar de perto indicadores de políticas públicas como o Programa de Aquisição Alimentar (PAA), além de articular essas iniciativas com outras políticas de segurança alimentar.

Mais do que apenas aderir ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), os prefeitos(as) têm a responsabilidade de mapear detalhadamente seus territórios, entendendo como diferentes problemas públicos se interligam e utilizando dados de fome locais como base para suas decisões. Isso inclui considerar recortes essenciais, como raça, gênero e idade, para garantir que as políticas implementadas sejam inclusivas e eficazes.

Uma grande estratégia que os municípios podem realizar nestes novos mandatos é ampliar o acesso a alimentos desperdiçados. Redistribuir alimentos que seriam descartados pode desempenhar um papel essencial na garantia de alimentação adequada para todos. Bancos de alimentos, cozinhas comunitárias e restaurantes populares são instrumentos indispensáveis para realocar esses recursos.

Este texto não se limitou a destacar tendências, mas também trouxe à tona temas relevantes que exigem atenção dos prefeitos e prefeitas ao longo de 2025, dada sua importância para o desenvolvimento dos municípios brasileiros. Compreendendo que um governo municipal lida com inúmeras responsabilidades em diferentes setores, buscamos ser objetivos e apresentar questões centrais que podem impulsionar políticas públicas mais eficazes. Ao abordar temas como tecnologia, ocupação dos espaços públicos, agenda ambiental, arborização urbana e segurança alimentar, o objetivo foi orientar gestores sobre áreas prioritárias, sem a pretensão de esgotar as discussões. O desafio agora é transformar essas reflexões em ações concretas que fortaleçam a gestão municipal e contribuam para melhorar a qualidade de vida da população.

E você, gestor público? Na sua experiência, quais são as possíveis tendências e o que os chefes locais não podem perder de vista neste ano? Comente abaixo a sua opinião, queremos saber!

O que você
achou desse
conteúdo?

Média: 0 / 5. Votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar!

Compartilhe
este conteúdo:

Deixe seu comentário!

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Lideranças com espírito público

Somos servidores, prefeitos, especialistas, acadêmicos. Somos pessoas comprometidas com o desenvolvimento dos governos brasileiros, dispostas a compartilhar conhecimento com alto potencial de transformação.