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Ontem foi celebrado o Dia do Trabalho (01/05), uma data que simboliza a luta por direitos trabalhistas e melhores condições de trabalho. A história é antiga, a data foi escolhida homenageando uma greve operária realizada nos Estados Unidos ainda na época da Revolução Industrial.
Desde a época da greve, os desafios para os trabalhadores mudaram, assim como a forma como se enxerga os efeitos das atividades econômicas. Hoje, a crise climática, por exemplo, escancara novos riscos, especialmente para os trabalhadores mais vulneráveis. Os impactos ambientais já afetam a saúde, a segurança e o futuro do trabalho.
Nesse cenário, a bioeconomia se apresenta como um caminho promissor: ao promover o uso sustentável dos recursos naturais, ela impulsiona a criação de empregos verdes. Reconhecer o papel central do trabalho nessa transição é essencial para garantir um futuro mais sustentável.
Quer saber mais sobre a geração de empregos verdes no Brasil? De que forma as mudanças do clima afetam o trabalho? Siga a leitura para saber mais!
Clima e trabalho
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem realizado estudos e discutido os impactos das mudanças no clima, na saúde e na segurança dos trabalhadores. No relatório “Garantir a segurança e a saúde no trabalho em um clima em mudança” – em inglês, Ensuring safety and health at work in a changing climate – a organização estima que cerca de 70% da força de trabalho global está exposta a riscos significativos à saúde, enquanto as medidas de segurança e saúde no trabalho (SST) enfrentam dificuldades para acompanhar essa ameaça crescente.
Ainda segundo o relatório, já há evidências consistentes de que as mudanças climáticas contribuem para o surgimento de diversas doenças entre os trabalhadores, incluindo câncer, enfermidades cardiovasculares e respiratórias, disfunções renais e transtornos de saúde mental. Os mais expostos são trabalhadores do campo e que atuam ao ar livre, e há um agravador ainda maior quando o trabalhador está em contato direto com elementos químicos, como na mineração.
Listamos abaixo alguns dos principais riscos à saúde dos trabalhadores associados às mudanças climáticas:
- Calor excessivo;
- Radiação ultravioleta (UV);
- Eventos climáticos extremos;
- Poluição do ar no ambiente de trabalho;
- Doenças transmitidas por vetores;
- Agrotóxicos.
Diante desse cenário, alguns países já têm implementado legislações específicas para enfrentar o calor excessivo no ambiente de trabalho, estabelecendo limites máximos de temperatura e orientações para medidas adaptativas nos espaços.
O conteúdo das normas varia entre os países, mas podem incluir vigilância médica, listas de doenças ocupacionais, limites de exposição ocupacional, treinamentos e disseminação de informações, avaliações de risco e medidas preventivas nos locais de trabalho.
A Fundacentro – instituição federal voltada para o fortalecimento de atividades em benefício do trabalhador – possui um guia de orientações sobre exposição ao calor em ambientes de trabalho brasileiro. Acesse aqui.
O panorama de bioeconomia e empregos verdes
Mediante as mudanças no clima e os seus impactos para a biodiversidade e para os trabalhadores, a bioeconomia tem ocupado espaço nas discussões nacionais. Antes de apresentar o cenário brasileiro, é preciso defini-la.
Trata-se de um modelo econômico fundamentado no conhecimento e na utilização de recursos naturais para desenvolver produtos, processos e serviços dentro de um sistema de produção que busca o desenvolvimento econômico de forma sustentável, ou uma forma mais compatível possível com o crescimento econômico.
O Estado do Pará possui um Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) que prevê o incentivo às cadeias produtivas ligadas a uma bioeconomia baseada em florestas e biodiversidade. O plano busca mitigar as emissões de gases de efeito estufa e ainda valoriza o potencial do patrimônio cultural. As ações se estendem desde mecanismos de financiamento até o fomento à pesquisas e a infraestrutura.
Nesse contexto, uma bioeconomia que integre ciência, tecnologia, inovação e saberes tradicionais, promovendo o uso sustentável da biodiversidade e a valorização da sociobiodiversidade, respeitando biomas e comunidades tradicionais representa um avanço na cadeia produtiva e na produção responsável. Esforços como esses também já estão sendo realizados à nível federal. Um exemplo é o Programa Novo Brasil, que integra um conjunto de diretrizes e iniciativas voltadas para a consolidação da transformação ecológica brasileira.
O Programa Novo Brasil ou Plano de Transformação Ecológica é um plano voltado para desenvolvimento de políticas públicas e estratégias que impulsionam a indústria, a agricultura, a energia, as finanças e a sociedade rumo a um novo estágio de desenvolvimento sustentável e inovação tecnológica. O Plano é orientado por três objetivos: Emprego e Oportunidade, Justiça Social, e Sustentabilidade Ambiental. De forma transversal existem 6 eixos no programa:
Quer saber mais sobre Transição Energética e Mudanças Climáticas? Acesse aqui!
Esse cenário é favorável para desenvolvimento dos chamados “empregos verdes”. Os empregos verdes são aqueles que contribuem com a sustentabilidade, reduzindo as emissões de carbono e melhorando a qualidade do meio ambiente. O Boletim de Mercado de Trabalho de 2024 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontou que os empregos em atividades verdes representam 17% do total de ocupados no país, porém não houve um crescimento significativo do setor no período analisado (2012 -2022).
Em perspectiva comparada, estima-se que 10% dos empregos verdes globais se encontram no Brasil. Os setores que mais se destacam no país estão relacionados à produção de energia – solar, hidrelétrica e eólica – no área de biocombustíveis. Somando esses setores as estimativas são de que tenham sido gerados cerca de 1,57 milhão de empregos em energia renovável em 2023, os dados são do relatório de Energia Renovável e Empregos – Relatório Anual de 2024 da Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA).
O Brasil ocupa a segunda posição no mercado global de empregos verdes, ficando atrás apenas da China, que concentra 42% dos 12,7 milhões de postos de trabalho nessa área em todo o mundo.
Os empregos verdes representam um avanço na relação entre o desenvolvimento e o meio ambiente. De um lado, estão alinhados à minimização dos impactos ambientais; de outro, sinalizam uma mudança na forma como os recursos naturais são utilizados. Ou seja, representam uma melhora na preservação ambiental e no bem-estar da população, na medida em que se reduzem os impactos.
O cenário brasileiro mostra que é possível repensar sistemas econômicos de forma a reduzir o impacto humano. No entanto, isso não significa que não existam desafios. Apesar do crescimento em setores específicos, o mercado de empregos verdes, como um todo, não se expandiu de forma significativa nos últimos dez anos. Nesse contexto, ações locais conectadas às soluções baseadas na natureza parecem ser um caminho promissor diante dos desafios a serem resolvidas.
Ainda há muito espaço para a bioeconomia crescer no Brasil, assim como no resto do mundo. Mas, e você, gestor público, você conhece alguma iniciativa que incentiva emprego e renda que preserve o meio ambiente? Conta para nós nos comentários, queremos saber!
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Somos servidores, prefeitos, especialistas, acadêmicos. Somos pessoas comprometidas com o desenvolvimento dos governos brasileiros, dispostas a compartilhar conhecimento com alto potencial de transformação.
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