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Os desafios que vem com a crise climática não são mais novidade para ninguém. Por isso, pensar em rotas e soluções viáveis tem sido uma tarefa complexa para os gestores públicos de todo o mundo, mas especialmente no Brasil, que têm vivenciado emergências climáticas mais intensas e frequentes. Nesse cenário, as chamadas as Soluções Baseadas na Natureza (SbNs) têm ganhado destaque nas agendas governamentais como forma de enfrentar os desafios ambientais, sociais e econômicos de forma integrada.
Embora os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 representem um pacto global firmado há quase uma década (2015), o cenário atual mostra o quanto é desafiador atingir essas metas em muitos países – inclusive no Brasil. Faltando apenas 5 anos para o prazo final, as soluções exigem inovação e colaboração entre setores e os níveis de governo para transformar compromissos em ações concretas.
Por compreender a importância desse debate, a equipe da Rede Juntos esteve presente no evento “Conectado Clima e Natureza: Recomendações para Negociações Multilaterais”, organizado por Climate Emergency Collaboration, The Nature Conservancy Brasil, Instituto Alana, Instituto Igarapé, WWF e WCS Brasil.
O evento foi realizado em Brasília, no dia 16/04, com a presença das Ministras Marina Silva e Sônia Guajajara, representantes do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério dos Povos Indígenas, respectivamente. O foco principal foi a preparação para a COP 30, prevista para acontecer em Belém, no mês de novembro deste ano.
Vamos conferir em detalhes os principais destaques do evento?
Continue a leitura!
O que são Soluções Baseadas na Natureza?
As Soluções Baseadas na Natureza ou SbN englobam ações de mitigação e adaptação como resposta à crise climática. Para isso, buscam promover de forma sinérgica o equilíbrio ecológico e o desenvolvimento sustentável. Essas ações vão além de respostas técnicas. Elas partem do reconhecimento de que a vulnerabilidade climática não se resolve com soluções isoladas. Pelo contrário, trata-se de construir resiliência sistêmica por meio de iniciativas que integrem natureza, território e pessoas.
Soluções dessa natureza são capazes de capturar carbono, aumentar a segurança hídrica, colaborar na conservação da fauna e até mesmo fortalecer a produção local. Ou seja, são medidas transversais que se alinham ao meio ambiente para a resolução de problemas complexos.
As possibilidades de políticas públicas são variadas e precisam estar alinhadas com as especificidades dos territórios. Vão desde a restauração de matas ciliares ao redor de rios urbanos até o fortalecimento de práticas agroecológicas. Ampliar corredores de biodiversidade com vegetação nativa, por exemplo, é outro caminho possível para gerar benefícios múltiplos, especialmente quando aliado à participação das comunidades locais.
Um grande exemplo de SbN, são as hortas urbanas que contribuem para a segurança alimentar, a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida de grandes metrópoles. Na foto, é possível ver a horta urbana da Faculdade de Medicina da USP, um exemplo de trabalho comunitário intenso.

Um grande exemplo de SbN, são as hortas urbanas que contribuem para a segurança alimentar, a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida de grandes metrópoles. Na foto, é possível ver a horta urbana da Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental da USP.
Se interessou pelas SbN? Navegue pelo Catálogo Brasileiro de Soluções Baseadas na Natureza elaborado pelo Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis aqui!
Clima e Biodiversidade: Agendas inseparáveis
Durante o evento, foi reforçado que discutir o clima sem falar de biodiversidade é um erro desde a origem. Compreender que as soluções baseadas na natureza são uma forma de se atingir as metas climáticas e desenvolver comunidades adaptadas e resilientes diante das mudanças que enfrentamos. Afinal, a própria agenda de biodiversidade está embutida na agenda climática, e vice-versa.
As soluções se retroalimentam: o que é bom para a diversidade ecológica também tende a fortalecer a adaptação. Aqui, ganham espaço as adaptações baseadas em ecossistemas, que são estratégias que utilizam os próprios serviços ambientais como forma de enfrentamento às mudanças climáticas. Elas propõem uma internalização transversal da pauta ambiental e reforçam como todos os aspectos da agenda climática estão interligados.
Essa conexão se manifesta em diferentes dimensões. Recursos Hídricos, Segurança Alimentar, Igualdade Racial, Cidades, Oceanos, Populações Tradicionais – todos estão ligados entre si. Por conta disso, os riscos climáticos devem ser entendidos não apenas como ameaças, mas também como uma nova forma de enxergar vulnerabilidades estruturais, como as desigualdades sociais, a degradação ambiental e a falta de acesso a serviços essenciais.
Para saber mais +
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em parceria com a agência alemã de cooperação técnica, a GIZ, desenvolveu uma apostila baseada no ciclo de políticas públicas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para a Integração da Adaptação baseada em Ecossistemas no Planejamento para o Desenvolvimento. Acesse aqui.
Do planejamento à ação: Como tirar do papel?
Transformar boas ideias em políticas públicas efetivas passa pela capacidade de implementar soluções interligadas com sinergia. Para isso, é necessário articulação entre União, Estados e Municípios, além de integração entre áreas técnicas, financeiras e sociais.
Aqui na Plataforma Rede Juntos, existem dois materiais que podem servir de auxílio para gestores preocupados com adaptação. O “Guia para o Enfrentamento às Emergências Climáticas: Estratégias de Colaboração Público-Privada” que tem como objetivo a implementação de parcerias entre o setor público e o privado no combate aos efeitos das mudanças climáticas, com foco no investimento social corporativo.
Além disso, o “Ciclo para o Enfrentamento das Emergências Climáticas” apresenta, de forma resumida, as principais etapas etapas a serem seguidas para enfrentar um desastre climático ou até mesmo reduzir o seu impacto no meio ambiente e na comunidade que ali vive:
- Fortalecimento das Capacidades;
- Redução dos Riscos;
- Redução dos Impactos;
- Ação Humanitária;
- Retomada de Serviços Essenciais
Uma outra ferramenta mencionada no encontro foi o Click List das NDCs, elaborada pela WWF, que pode orientar os entes federativos sobre como operacionalizar os compromissos assumidos internacionalmente.
O que são NDCs?
As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) são os planos de ação climática que cada país apresenta no âmbito do Acordo de Paris. Elas reúnem as medidas que os governos se comprometem a adotar para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de evitar que a temperatura global aumente mais de 2°C em relação aos níveis pré-industriais — e, preferencialmente, limitar esse aumento a 1,5°C. |
Outra camada importante é o acompanhamento com base em indicadores transversais. Para avançar em políticas efetivas são necessários dados de qualidade e transparência. Três perguntas orientadoras para avaliar a efetividade de uma Solução Baseada na Natureza foram propostas:
- A ação aborda mudanças climáticas?
- Promove a biodiversidade?
- Está integrada como estratégia geral de adaptação?
No contexto de adaptação às mudanças do clima, os projetos de Cidades-Esponjas se destacam como ações efetivas para reduzir os impactos dos riscos climáticos. A implementação dessas medidas exige um planejamento urbano integrado, participativo e sustentável. Entre as principais estratégias adotadas estão: a contenção da água, a redução da velocidade e o aumento da absorção do solo.
Quer saber mais como funcionam as Cidades-Esponjas? Acesse nosso conteúdo completo.
Ainda há desafios para realizar planos de adaptação e mitigação adequados às mudanças do clima. Mas uma lição que o encontro Conectando Clima e Natureza trouxe é a necessidade de um olhar multicêntrico por parte da gestão pública.
Para que as Soluções Baseadas na Natureza se consolidem como estratégia é preciso garantir acesso a financiamento e desenvolvimento de capacidades estatais, especialmente nos territórios mais vulneráveis – onde a resiliência precisa começar.
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Somos servidores, prefeitos, especialistas, acadêmicos. Somos pessoas comprometidas com o desenvolvimento dos governos brasileiros, dispostas a compartilhar conhecimento com alto potencial de transformação.
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