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Os Destaques da COP26

Publicado em: 22.01.22 Escrito por: Redação Tempo de leitura: 9 min
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Os destaques da COP26

 

Nos últimos 11 dias, a Rede Juntos acompanhou de perto os acontecimentos da COP26, que ocorreu em Glasgow, na Escócia, entre os dias 1/11 a 12/11. No perfil do Instagram da plataforma (é @plataformaredejuntos, segue a gente lá!) trouxemos os principais destaques do dia e contamos o que estava acontecendo por lá. Agora, a Rede Juntos traz para a plataforma o compilado desses 11 dias de COP26 para você, leitor, que não conseguiu acompanhar os eventos diários, ficar por dentro de tudo que aconteceu.

Os destaques da COP26

A Conferência entre as Partes do ano de 2021 trouxe pleitos que apontaram a gravidade dos problemas climáticos que o mundo está enfrentando, pois a atual postura global aponta para um aquecimento de 2.4 graus Celsius em 2030, caso nenhuma mudança seja feita. Líderes do mundo todo afirmaram: as mudanças climáticas estão acontecendo aqui e agora. Consequentemente, a COP26 ficou marcada pela urgência na tomada de decisões para os combates das mudanças climáticas. Entretanto, apesar da urgência na tratativa dos temas, a Conferência adotou um tom moderado e compreensivo enquanto objetivos ambiciosos foram adotados, deixando vivo o sonho de atingir o aumento de apenas 1,5 graus Celsius como estipulado em Paris.
Foto por: The New York Times

Finanças e economia do Clima 

Ao que se refere a temática de finanças climáticas e transição para economia verde, os países desenvolvidos se comprometeram a investir 100 bilhões de dólares anualmente nos próximos 5 anos para mitigação das mudanças climáticas e adaptação das economias dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Além disso, França, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e África do Sul se uniram para auxiliar a África do Sul no processo de descarbonização da economia.
Enquanto isso, Estados Unidos, Índia, China, Reino Unido e outros países se comprometem a seguir a Glasgow Breakthrough Agenda, um plano voltado para a introdução de energia limpa, veículos elétricos e tecnologias sustentáveis com o objetivo de reduzir o custo de implementação da economia verde.
Um grupo de 25 países, entre eles Itália, Canadá e Dinamarca em parceria com instituições financeiras internacionais, se comprometeram a acabar com o suporte financeiro para países que utilizam combustíveis fósseis para produção energética. Essa medida possibilita a transferência de aproximadamente 17,8 bilhões de dólares para transição de energia limpa para países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, como é o caso da Etiópia, Fiji, Ilhas Marshall, entre outros.
Também foi firmada uma aliança entre o Fundo de Investimento do Clima com países asiáticos e africanos para acelerar a transição de energia limpa, bem como parcerias inéditas com o Banco de Desenvolvimento Asiático para encerrar as atividades voltadas para a mineração do carvão.
Por fim, 232 milhões de dólares foram doados para o Fundo de Adaptação, organização que financia projetos de países em desenvolvimento a se adaptarem aos efeitos nocivos das mudanças climáticas.

Emissão de gases de efeito estufa 

Com relação à redução das emissões de gases de efeito estufa, destacou-se o estabelecimento de um acordo entre 20 países, entre eles Indonésia, Vietnã, Polônia, Coréia do Sul, Egito, Espanha, Nepal, Cingapura, Chile e Ucrânia para terminar o uso do carvão para a produção de energia.  A decisão visa acelerar o processo de transição para fontes de energia limpa de modo que seja possível atingir os objetivos estipulados no Acordo de Paris em 2015. Nesta mesma negociação, instituições financeiras como o HSBC, Fidelity International e Ethos se comprometeram a parar de financiar o uso de carvão para fins energéticos.
Além disso, a Índia se comprometeu a atingir o net-zero de emissão de carbono até 2070, bem como transformar 50% da energia do país em energia renovável até 2030. Enquanto o Brasil e outros 100 países assinaram um compromisso de cortar até 30% da emissão de metano até 2030 em relação aos níveis do ano de 2020.
No mais, 19 países declararam intenção em apoiar os chamados “corredores de transporte verde”, que caracteriza-se por uma rota de transporte entre dois portos sem emissão de gases de efeito estufa. Para que esta medida seja implementada, será necessário implantar tecnologias de embarcações com emissão zero e a colocação de combustível alternativo.

Cidades sustentáveis 

Já os principais assuntos debatidos em torno do tema de infraestrutura e cidades sustentáveis, reforçou um dos principais compromissos firmados na COP26 onde 30 países se comprometeram a juntos transformarem a frota de veículos elétricos em um novo padrão, tornando-os mais acessíveis e sustentáveis até 2030. Como consequência, países como Quênia, Ruanda e Índia prometeram acelerar o processo de transição no mercado de veículos elétricos. Também houve o lançamento do novo Programa de Ação Climática Urbana (UCAP), desenvolvido em parceria com o C40 Cities e a GIZ, agência de desenvolvimento alemã. O programa será financiado pelo Fundo de Finanças Climáticas Internacionais, lançado em Paris durante a COP21. O principal objetivo do programa é apoiar metrópoles da África, Ásia e América Latina a transformar suas cidades em ecossistemas sustentáveis e com emissões zero de carbono até o ano de 2050. A Frente de Liderança Climática nas Cidades ajudará na implementação de projetos como sistemas de transporte público de baixa emissão, geração de energia renovável, gestão sustentável de resíduos e novos códigos para construção de edifícios inteligentes para o  clima.
Foto por: Andalou Agency

Preservação da Natureza e Uso da Terra

Países como Brasil, Alemanha e o Reino Unido se comprometeram a adotar modos de operações mais sustentáveis quanto ao uso da terra e destruição da natureza. No caso do Brasil, o país se comprometeu a reduzir a emissão de carbono em decorrência das práticas de agricultura, permitindo que 1 bilhão de toneladas de emissões até 2030.
Também foi assinado pelos líderes presentes em Glasgow a Declaração para Florestas e Uso da Terra, onde 139 países, incluindo Brasil, China, Rússia e Indonésia se comprometeram a salvar 91% da cobertura vegetal, mais especificamente florestas, através do reflorestamento e redução do desmatamento das áreas. Além disso, o Equador apresentou um plano de proteção às reservas naturais na ilha de Galápagos.
Aliás, mais 50 países adotaram o Plano Nacional de Adaptação Climática, o qual tem como principal objetivo preparar os países em escala nacional para os efeitos oriundos das mudanças climáticas, subindo de 38 para 88 o número total de participantes.
Por fim, 95 empresas de diversos setores se comprometeram a trabalhar para evitar mais destruição da natureza bem como restaurar as que já ocorreram até o momento. Além disso, governantes e empresários se reuniram com agricultoras e comunidades locais para se comprometerem a completar a transição da agricultura convencional para um modelo mais sustentável.

O papel da sociedade civil 

Jovens de todo o mundo se reuniram com líderes e oficiais dos 193 países participantes para pedir por um maior comprometimento dos países no combate às mudanças climáticas. O objetivo desta união entre diferentes níveis da sociedade civil é enxergar as necessidades que devem ser endereçadas pela perspectiva dos mais jovens. Ou seja, um novo olhar sob o mesmo problema.
Foto por: The New York Times
De acordo com a organização do evento, a presença de jovens líderes mundiais na COP26 mostra a força que esta geração traz para mudar os rumos do planeta. Como dito por Vinisha Umashankar, finalista do The Earthshot Prize 2021 e representante da juventude na COP26: “Essas negociações estão sendo decididas se nós somos valiosos o bastante para termos um futuro pela frente. Por isso, eu peço aos senhores que parem de falar e comecem a agir“.
Como resultado, Ministros da Educação de países como Reino Unido, Coréia do Sul, Albânia e Sierra Leone se comprometeram a adequar as grades curriculares para ensinar habilidades e competências para os jovens desenvolverem capacidades para lidar com as mudanças climáticas no futuro. Além disso, também houve um pleito onde 23 países aceitaram descarbonizar os projetos de construção de escolas e desenvolvimento do setor de educação.
Também foi pauta a importância de trazer a questão de gênero para as discussões climáticas. Dentre os acordos e comprometimentos feitos nesta terça-feira estão: o comprometimento boliviano de promover mulheres indígenas para cargos de liderança em projetos de desenvolvimento sustentável; o investimento de 80% dos investimentos para mudanças climáticas no Canadá serem destinados a igualdade de gênero nos objetivos climáticos; a decisão da Suécia de promover igualdade de gênero em todas as ações climáticas, entre outros. Essas medidas anunciadas por diversos países no dia de ontem, auxiliaram na criação de um ambiente favorável para implementar o plano de igualdade de gênero, o qual foi acordado na última COP.

Próximos passos…

Com o fim da COP26 fica a pergunta: e agora? Bem, além das implementações das medidas tomadas nas negociações por cada país, os chamados NDCs (nationally determined contributions, em tradução livre, contribuições nacionais determinadas), também ficou decidido que a cada 5 anos haverá uma reavaliação do Acordo de Paris firmado em 2015 para verificar se os pressupostos neles estabelecidos estão sendo cumpridos e se há necessidade de reajustar. Por fim, a COP26 trouxe à tona a necessidade de seguir os objetivos negociados no Acordo de Paris em 2015, utilizando da transparência, da solidariedade e da inclusão, de modo que utilizemos a ciência a nosso favor para restaurar e proteger nosso planeta.

Para saber mais sobre a COP26: 

Se quiser saber mais sobre a COP26, confira abaixo os sites que fizeram uma cobertura diária do evento:
Road to COP26, World Economic Forum, 2021.
COP26, The Guardian, 2021.
Referências: 
Was COP26 in Glasgow a success? The Economist, 2021.
COP26: A força da grana nas questões do clima. Café da Manhã, Folha de São Paulo, 2021.
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