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Meio ambiente e governos: o ativo a ser conquistado

Publicado em: 18.07.22 Escrito por: Regina Esteves Tempo de leitura: 5 min
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Meio ambiente e governos: o ativo a ser conquistado

Ao celebrarmos o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, trago uma reflexão sobre alguns gatilhos relevantes para avançarmos nesta agenda

Junho, 2021

Usina de etanol da Raízen no interior paulista: tecnologia para viabilizar o aproveitamento máximo de insumos, mirando suas estratégias na busca por um futuro menos poluente (Germano Lüders/Exame)

Ao celebrarmos o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, trago uma reflexão sobre alguns gatilhos relevantes para avançarmos de forma significativa nesta agenda. Temos, de um lado, as empresas que têm evoluído muito em suas estratégias, algumas nadando de braçada, outras iniciando ou aperfeiçoando sua jornada ESG. Mesmo que em diferentes estágios, de maneira geral, o tema está no centro das discussões da iniciativa privada.

Muitos líderes e gestores já enxergaram a oportunidade de avançar e até reinventar seus modelos de negócio, nesse sentido, seja por força da lei, do contexto do consumo ou, até mesmo, de maneira voluntária e orgânica.

Vide a trajetória da Raízen, que vem desenvolvendo tecnologias e usando inovação para viabilizar o aproveitamento máximo de insumos, mirando suas estratégias na busca por um futuro menos poluente.

Claro que há um enorme espaço para melhoria em inúmeros aspectos como gestão de resíduos, consumo e geração de energia renovável, rastreabilidade da cadeia, economia circular e etc. No entanto, é nítido que o setor empresarial já entendeu a equação de que apostar na geração de valor social e ambiental, garante maior competitividade para suas organizações, com mais fidelidade de consumidores e interesse de investidores.

O que vemos, hoje, é que a maioria dos governos ainda está buscando correr atrás do prejuízo, mitigando danos já realizados, e este padrão, legítimo e necessário, de fiscalização e patrulha as afasta de posicionar o Meio Ambiente como um importante ativo de desenvolvimento, não só ambiental, mas social e econômico.

Estamos em uma década decisiva para o atingimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em 2030 e já vemos muitos governos criando mecanismos alavancadores do tema na Europa.

Por aqui, a conjuntura econômica desfavorável, com baixos níveis de investimento, presos em ausência de reformas estruturantes nos empurram para a baixa produtividade, que segue limitando transformações fundamentais para avançarmos rumo a um novo estilo de desenvolvimento econômico e socioambiental.

Não é novidade a posição privilegiada do Brasil em termos de riquezas naturais, matriz energética e biodiversidade. Mas, então, o que falta para darmos o salto necessário para posicionarmos nosso país de forma competitiva e contundente no cenário global?

No Brasil há reservas ambientais belíssimas, mas tais parques, na maioria das vezes, são vazios e insustentáveis financeiramente, cercados por uma região sem infraestrutura para o turismo. Quantos empregos na cadeia hoteleira, alimentação e transporte podem ser gerados se houver planejamento integrado e políticas públicas viabilizadoras do desenvolvimento local?

Se falarmos no mercado de carbono, o potencial é imenso e maior aqui do que qualquer outro país do mundo, mais precisamente 45 bilhões de dólares, segundo estudo da Moss, Fintech vista como uma espécie de bolsa de créditos de carbono. Porém, para este mercado funcionar plenamente os governos precisam se posicionar e fazer sua parte, o recurso não vai chegar se não tiverem instrumentos e capacidades necessárias à gestão dessa agenda.

O mercado pode operar a compra e venda dos créditos, mas a ação da administração pública é essencial para ver como as iniciativas são e serão implementadas no médio e longo prazo. Hoje, há muitas organizações do terceiro setor fazendo este papel que é relevante, porém com limitações para uma atuação mais estruturante, sem a capilaridade e escalabilidade que o Estado poderia viabilizar.

Outro forte segmento a ser desenvolvido é a agricultura regenerativa. No Brasil, há sistemas inovadores para grandes plantações, implementados de maneira fragmentada em estados como São Paulo, Bahia e Pará. É preciso pensar em pólos econômicos especiais, pois fazer esta migração não é simples, todo o pacote tecnológico está calcado em monocultura e políticas públicas poderiam viabilizar tais pólos permitindo a compra e processamento de forma regional.

São os governos que têm a capacidade de direcionar recursos de fundos ambientais que deveriam estar sendo usados de forma mais eficiente. Gerar soluções econômicas para regenerar territórios degradados. Compartilhar dados para viabilizar melhor rastreabilidade de cadeias produtivas. Direcionar formação técnica de profissionais para o mercado verde. Apoiar o ecossistema para gerar empregos em torno da economia circular. Viabilizar a criação de pólos agroflorestais e corredores de agricultura sustentável.

E o que todas estas iniciativas têm em comum? A lógica de que desenvolvimento econômico, social e ambiental andam de mãos dadas. E dependem de governança entre os múltiplos stakeholders, com papel decisivo dos governos na coordenação e implementação.



*Esse conteúdo pode não refletir a opinião da Comunitas e foi produzido exclusivamente pelo especialista da Nossa Rede Juntos.

Artigo escrito por: Regina Esteves
Diretora Presidente Comunitas
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