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Marcadores Sociais: O conceito na construção de políticas públicas

Publicado em: 19.05.25
Escrito por: Centro de Liderança Pública Tempo de leitura: 5 min Temas: Combate à pobreza, Comunicação e Engajamento Cívico, Diversidade e Inclusão Social, Educação, Governança Compartilhada, Planejamento Estratégico
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Sabe aquela marca de nascença, aquela marca de um belo tombo que a gente teve na infância? Bom, nesse artigo a gente não vai tratar sobre elas, mesmo que o título possa ser sugestivo, vamos tratar de algo mais profundo: os Marcadores Sociais. Nascemos, vivemos e crescemos em um país marcado por diversidade de culturas, religiões e diferentes maneiras de ser no mundo. Porém, muitas vezes, essas características são vistas como uma forma de classificação e hierarquização de pessoas, e quando não encaradas como diferenças que tornam qualquer ambiente mais rico e plural, acabam por colaborar na reprodução de desigualdades.

Os Marcadores Sociais são definidos por características diversas que compõem cada indivíduo, como: gênero,  região, religião, cor de pele, etnia, entre muitas outras. Muitas vezes esses marcadores, quando não tratados e  analisados de forma mais profunda podem fazer com que reproduzimos desigualdades, estereótipos e pré-conceitos, muitas vezes “naturalizando-os”. Isso dificulta um olhar mais amplo sobre as diferentes pessoas e suas diferentes  realidades da maneira que elas necessitam ser olhadas.

O que são marcadores sociais?

O conceito que tratamos como “Marcadores Sociais” possui conexão com  entendimentos relacionados à desigualdade, já que os grupos que são  atravessados por algum marcador social, tendem a se localizar em situação  desigual perante os grupos que não carregam nenhum marcador da diferença. Importante frisar que esses marcadores muitas vezes não aparecem de forma  isolada e sim de formas interseccionais. Eis agora um outro conceito que  colabora a visualizar os marcadores sociais em sua amplitude: a interseccionalidade.

Interseccionalidade e marcadores sociais

A interseccionalidade diz respeito às múltiplas manifestações de marcadores sociais e de características construídas e estruturadas socialmente que determinam a posição, oportunidades e possibilidades aos indivíduos. Percebe a relação entre eles? Uma pessoa pode estar submetida por diferentes marcadores, por exemplo: Uma mulher negra, residente de uma região periférica, aqui observamos os marcadores de: gênero, etnia, e região por exemplo, ambos constituintes de uma única pessoa e que podem definir os locais que essa mulher ocupa e/ou possibilidade de acesso a oportunidades e ambientes.

Os marcadores na construção de políticas públicas

Políticas Públicas em seu sentido estrito significa um conjunto de ações articuladas, programas, projetos e decisões tomadas pelos diferentes níveis de governo para garantir direitos para as pessoas em seus diferentes grupos e composições. Em outro sentido, é o que o governo decide ou não fazer em virtude de alguma problemática identificada ou percebida.

É nesse sentido que os marcadores sociais entram, por vezes é importante olhar para as subjetividades, necessidades e realidades específicas de cada grupo. Para que isso seja feito de forma efetiva é preciso que os gestores tenham em vista tais marcadores, e quando possível analisar as especificidades das necessidades de cada grupo para qual a política se destina.

Como praticar o entendimento sobre os marcadores?

Até aqui deu para entender um pouquinho sobre os marcadores sociais, não é mesmo? Mas, por onde começar a colocar em prática um trabalho articulado que leve em consideração os marcadores sociais da diferença na construção de políticas públicas?

Uma boa dica, é começar a entender a realidade onde você atua, a prática simples de “olhar ao meu redor”. Alinhado a isso, outra dica é verificar se no seu município possuem conselhos intersetoriais representativos comprometidos a olhar para as especificidades de cada grupo minorizado socialmente, por exemplo: Conselho dos idosos, Conselho da igualdade e equidade racial, Conselho dos direitos das mulheres, Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, entre outros. Isso porque, a atuação desses conselhos possui relação direta na defesa e construção de ações práticas focadas nas especificidades de cada grupo, sendo também um instrumento de participação e controle social sobre as políticas públicas que serão construídas.

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Percebeu que a prática de olhar a nosso redor e verificar a existência de representatividade das pautas de grupos que são atravessados por algum marcador social é importante? A gente começa identificando, dialogando e após esse processo é importante partir para a ação, não de forma isolada e desarticulada, mas sim, de maneira conjunta com as pessoas, pois só isso garantirá eficiência e efetividade na construção de ações direcionadas e atreladas às necessidades de cada grupo.

E aí, gostou do artigo? Conhece iniciativas do poder público que discuta a relevância do entendimento sobre os marcadores para construir políticas públicas?

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Aline Miranda

Aline Miranda é mineira, estudante do curso de Administração Pública na Universidade Federal de Lavras, também é estagiária na B4People Cultura Inclusiva. Apaixonada pelo campo de públicas e em trabalhar com pessoas, buscando sempre desenvolver e aprender com todas as experiências.


*Esse conteúdo pode não refletir a opinião da Comunitas e foi produzido exclusivamente pelo especialista da Nossa Rede Juntos.

Artigo escrito por: Centro de Liderança Pública
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