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Desigualdade nas capitais brasileiras

Publicado em: 27.03.24 Escrito por: Redação Tempo de leitura: 5 min
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Uma pesquisa lançada nesta terça-feria (dia 26), levantou e comparou dados e indicadores relacionados a temas fundamentais para o bem-estar e qualidade de vida das pessoas de 26 capitais do país. 

O chamado Mapa da Desigualdade entre as capitais foi produzido pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), e teve como inspiração a metodologia do Mapa da Desigualdade da cidade de São Paulo, aplicado há mais de 10 anos pela Rede Nossa São Paulo. 

Ao todo, são 40 indicadores municipais selecionados a partir da base do Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e dos indicadores disponíveis nas bases nacionais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o DataSUS. Os indicadores fazem parte dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável criados pela ONU em 2015. 

Os temas abordados fazem parte de diversas áreas de atuação da gestão pública, como saúde, educação, segurança pública, mobilidade, infraestrutura urbana e várias outras que dizem respeito ao cotidiano das pessoas. 

Portal do Mapa da Desigualdade entre as capitais

Confira o Mapa da Desigualdade entre as capitais aqui

A publicação inédita traz um recorte da desigualdade que distancia os locais menos providos de serviços e infraestrutura daqueles que oferecem condições básicas para uma vida digna e decente.  É exposto as diferenças entre as capitais com os melhores e piores resultados, em alguns casos há o recorte de gênero e raça. Um dos objetivos da pesquisa é trazer elementos que possam inspirar ou até mesmo apoiar a tomada de decisão na esfera pública.

Contexto brasileiro 

No portal da pesquisa, também foram publicados dados que demonstram a desigualdade do país como um todo, principalmente quando se é levando em conta questões de raça, gênero e classe. Alguns exemplos, são: 

  • 658 prefeitas foram eleitas em 2020, o que representou apenas 11,82% do total de prefeitos eleitos;
  • 3,4% dos brancos com 15 anos ou mais são analfabetos, entre os negros, o índice é de 7,4%, por enquanto a média nacional é de 5,6% (2021);
  • Trabalhadores brancos ganham, em média, 61% mais que os negros (2023);
  • Homens recebem 20,5% a mais que mulheres (2023). 

Desempenho geral das capitais 

O resultado final de desempenho de cada capital foi obtido pela soma dos pontos conquistados em todos os indicadores avaliados. No ranking, as melhores capitais foram, respectivamente, Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG), e as três últimas colocadas foram,  Belém (PA), Recife (PE) e em última posição, Porto Velho (RO). 

Índice de acordo com os ODS

O mapa tem os indicadores baseados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A lista dos 17 ODS visa abordar desafios globais e promover um desenvolvimento sustentável, como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. A fim de exemplificar, trouxemos alguns exemplos de indicadores por ODS.

Confira a tabela abaixo!

ODS Indicador Descrição Ranking Desigualtômetro (diferença entre a melhor e a pior)
ODS 1 – Erradicação da Pobreza Proporção de pessoas com rendimento real efetivo domiciliar per capita inferior a US$1,9 por dia  Percentual de pessoas residentes em domicílios particulares com rendimento real domiciliar per capita inferior a US$1,9 ao dia (US$ PPC ajustado para 2011) Melhor valor Florianópolis com 1,101  

Pior valor  Salvador com 11,153

10,1X
ODS 2 – Erradicar a pobreza  Desnutrição infantil Percentual de crianças menores de 5 anos desnutridas sobre o total de crianças nesta faixa etária. Melhor valor Teresina com 0,44 

Pior valor Salvador com 4,03

9,2X
ODS 3 – Saúde de qualidade Mortalidade Infantil (crianças menores de 1 ano) Proporção de óbitos de crianças menores de um ano em cada mil crianças nascidas vivas de mães residentes. Melhor valor Florianópolis com 6,1

Pior valor Macapá com 20,37

3,3x 
ODS 5 – Igualdade de gênero Desigualdade de salário por sexo (salário de mulheres e salário de homens) Razão do rendimento médio real das mulheres sobre o rendimento médio real dos homens. Onde o valor = 1 representa igualdade. Melhor valor Macapá com 0,976

Pior valor Campo Grande com 0,642 

1,5X
ODS 13 – Ação climática Emissões de CO2 per capita  Nível de emissão bruta de CO2e (t) GWP-AR5 per capita. Melhor valor Salvador com 1,064 

Pior valor Porto Velho com 44,006

41,4x

Você sabia que a Plataforma Rede Juntos tem a classificação dos conteúdos por ODS? Navegue pelo site e veja quais temas da gestão pública estão conectados com os objetivos! 

Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador geral do ICS, Jorge Abrahão conta que os índices estão diretamente ligados aos investimentos em políticas públicas:

As questões de saneamento, de habitação precária, de qualidade de saúde e educação, de mortalidade infantil, de violência, de homicídios contra jovens, em geral, são números muito ruins nessas cidades que têm uma idade média de morrer muito baixa. Portanto, para você conseguir aumentar esse número, significa que você teria que investir em questões centrais para a qualidade de vida das pessoas.

Os dados trazidos na pesquisa revelam a necessidade de se pensar políticas públicas inclusivas, que visem à redução das desigualdades e coloquem os municípios em sintonia com os ODS. O portal do mapa traz que é importante considerar que muitos dos dados podem trazer mais perguntas do que respostas, já que para trazer soluções é necessário análises mais aprofundadas dos contextos e realidades locais de cada capital.

Portanto, o levantamento de dados que revelam a discrepância das desigualdades em um país continental como o Brasil, é o primeiro passo para construir cidades mais justas, humanas e uma qualidade de vida para todos os cidadãos. 

 

E você, gestor. Você vê novas possibilidades de políticas públicas que possam ser criadas a partir dos dados divulgados pela pesquisa? Conta para nós, queremos saber!

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