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Cidades Inteligentes e Cognitivas seriam o futuro urbano?

Publicado em: 10.11.25
Escrito por: Redação Tempo de leitura: 8 min Temas: Desenvolvimento econômico, Mobilidade Urbana, Planejamento Urbano
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De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 68% da população mundial viverá em áreas urbanas até 2050. Esse movimento reforça a urgência de repensarmos o planejamento urbano e territorial das cidades, considerando transformações sociais, econômicas, culturais e ambientais já em curso. Mas, afinal, como começar a construir um futuro urbano mais resiliente e preparado para os desafios do presente e do futuro?

As smart cities ou cidades inteligentes surgiram como uma das soluções para esse cenário, mas existe também um conceito novo e pouco conhecido no Brasil: as cidades cognitivas. Nelas, tecnologia, dados, sustentabilidade e inovação se combinam para aprimorar a gestão pública, aproximando a população das decisões da cidade e garantindo o acesso a informações relevantes sobre o que acontece em seus territórios e bairros.

Neste texto, que faz parte da série Futuro Digital, vamos explorar os conceitos de smart cities e cidades cognitivas, apresentar territórios que já estão avançando nesse caminho e mostrar as possibilidades que a inovação urbana oferece.

Ficou interessado(a) em saber como são essas cidades? Continue a leitura para entender mais!

As já conhecidas smart cities…

Desde o início do século XXI, rápidas transformações tecnológicas, sociais, econômicas e culturais têm imposto novos desafios aos ambientes urbanos. Entre os principais, destaca-se a necessidade de modernizar sistemas e infraestruturas para acompanhar inovações como 5G e inteligência artificial, além de promover a inclusão e o letramento digital para toda a população. 

Outros desafios igualmente urgentes incluem a construção de sistemas de mobilidade urbana mais eficientes e sustentáveis, a implementação de uma governança pública capaz de utilizar dados de forma estratégica e ética e o enfrentamento das desigualdades sociais que ainda persistem nas cidades.

Diante disso, as cidades inteligentes ganharam muita força e se tornaram um tema central na agenda de gestores públicos e lideranças políticas. Embora o conceito tenha surgido entre as décadas de 1990 e 2000, ele continua em evolução e vem sendo aprimorado conforme novas tecnologias e práticas de gestão são incorporadas. 

Cidades como Barcelona se destacam pela integração entre tecnologia, dados, participação cidadã e sustentabilidade, demonstrando o potencial desse modelo para melhorar a qualidade de vida da população. Outros exemplos, como Hong Kong, na Ásia, e Florianópolis, no Brasil, também têm avançado nesse sentido, apontando caminhos promissores.

Atualmente, o ranking Connected Smart Cities tem elencado algumas cidades como  bons exemplos a serem seguidos, a partir da avaliação de uma série de critérios e temáticas como sustentabilidade, tecnologia, saneamento básico e outros. 

O objetivo central de uma cidade inteligente é compreender que para melhorar os serviços oferecidos à população deve-se colocar como prioridade a integração entre diferentes setores. Por exemplo, investir em saneamento básico não deve ser olhado apenas pelos seus benefícios ambientais, pois também pode reduzir a demanda por atendimentos nas unidades de saúde e, com continuidade e boa gestão, pode impulsionar também a economia local.

Percebe-se, então, que as cidades inteligentes estão adaptadas para diversas transformações sociais, como a presença cada vez maior da tecnologia na vida das pessoas. 

A Cidade de Singapura é considerada uma das principais smart cities do mundo. Créditos da imagem: Freepik.

O futuro e as cidades cognitivas

Sobre as smart cities você já sabe, mas o que torna elas cidades cognitivas? Você já ouviu falar sobre elas?  Seriam elas o futuro das cidades? 

Apesar de possuírem semelhanças com as cidades inteligentes, as cidades cognitivas procuram ser mais propositivas e menos reativas à realidade que tem sido enfrentada pelas cidades. Ao contrário das cidades inteligentes, as cidades cognitivas não esperam o problema ou a demanda de fato acontecer para começar a agir. Elas procuram já se antecipar às necessidades e transformações para agir de forma integrada, buscando resoluções efetivas para determinadas questões. 

Podemos dizer que, se por um lado as cidades inteligentes buscam respostas concretas para os problemas que já apareceram, as cidades cognitivas buscam agir antes mesmo dos problemas acontecerem, conectando economia, sustentabilidade, tecnologia e inovações. 

Você sabia que...

Em uma cidade cognitiva, os serviços passam a ser oferecidos para a população antes mesmo que ela precise pedir ou demandar, melhorando efetivamente e significativamente a qualidade de vida das pessoas? 

Outra novidade que as cidades cognitivas propõem é uma comunicação mais efetiva, mais rápida e mais funcional, utilizando as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) de forma mais automatizada. Isso pode ser construído, por exemplo, a partir das chamadas “Plataformas Cognitivas”, que permitem que os cidadãos proponham ideias, interajam, debatam e votem por ações, aprimorando a participação cívica e a capacidade de resposta do governo. 

Nos dias de hoje já temos alguns exemplos de países e cidades que têm adotado medidas que as levam para a direção de cidades cognitivas. A Estônia, país do Leste Europeu, tem promovido políticas nesse sentido, com desenvolvimento de boas práticas de governança digital e de agências que cuidam especificamente da parte de comunicação e tecnologia, como a E-Estônia, por exemplo. 

O pequeno país apostou em um modelo altamente digitalizado, de forma que  utilizou-se a inovação para desenvolver um Estado mais ágil, eficiente e transparente. Na Estônia, diversos serviços já estão digitalizados como sistemas de votação, pagamento de impostos e até de moradia. 

Outros lugares do mundo tem se aproximado da ideia de cidades cognitivas, mesmo que o conceito como um todo ainda pareça futurista ou utópico. A cidade de Barcelona, na Espanha, adotou uma série de medidas como uma iluminação urbana inteligente para diminuir o gasto de energia, assim como um sistema de irrigação inteligente para reduzir o uso excessivo de água. 

A cidade tem criado políticas interessantes na área de tecnologia, se aproximando de políticas públicas mais cognitivas e de uma cidade mais conectada. Um exemplo disso é o  CityOS, um  sistema operacional  que serve para analisar dados de toda a cidade, antecipar necessidades e aprimorar os serviços ao cidadão, caminhando diretamente na direção de uma cidade cognitiva, mais preparada e mais propositiva. Assim como a Estônia, Barcelona também tem um aplicativo que incentiva a participação cidadã, o “Decidim”.

Quem também tem chamado a atenção quando o assunto é cidade cognitiva é Helsinki,  capital da Finlândia, que tem estabelecido diversas políticas de digitalização e aprimoração do uso da tecnologia para os serviços públicos. A cidade estabeleceu, por exemplo, um “gêmeo digital” que ajuda a simular diversas atividades, como o gerenciamento de tráfego. 

A capital finlandesa implementou uma política pública que garante o acesso aberto aos dados da cidade para todos os cidadãos. Essa iniciativa facilita a criação de serviços mais eficientes, funcionais e com maior participação dos moradores, demonstrando como a tecnologia pode aprimorar a gestão pública e modernizar sistemas muitas vezes ultrapassados ou excessivamente burocráticos.

Ainda olhando para boas práticas para cidades cognitivas, podemos citar também o caso de  Singapura, no sudeste asiático. Reconhecida mundialmente por seus esforços de integração entre tecnologia, economia, sustentabilidade e questões sociais, a Cidade-Estado tem se destacado como exemplo a ser seguido. Um dos programas inovadores adotado por essa região se chama Smart Nation”e foi lançado em 2014, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas e também criar novas oportunidades econômicas para a região.  

Quer saber mais sobre essa política pública inovadora de Singapura? Você pode descobrir mais sobre em nosso mapa de boas práticas aqui

O relatório “Cognitive Cities: a guide to intelligent urbanism” cita  ainda as cidades de Telosa, Singapura, Seul e Hong Kong como exemplos de políticas alinhadas às cidades cognitivas, baseadas no uso de tecnologia e dados para aprimorar a gestão e os serviços públicos — elemento central nesse modelo e ainda mais relevante em um mundo cada vez mais conectado.

Deste modo, o que percebemos é que tanto as cidades inteligentes quanto as cidades cognitivas podem ser bons exemplos de como construir ambientes urbanos mais bem preparados para lidar com as mudanças e as transformações do presente. Se por um lado as smart cities já têm se mostrado cases mais concretos e palpáveis, inclusive com exemplos brasileiros, as cidades cognitivas ainda se mostram uma realidade mais distante do cenário nacional, mas com bons exemplos internacionais que podem ser adaptados, repensados e considerados pelas cidades brasileiras. 

As transformações tecnológicas, sociais, culturais, ambientais e econômicas trarão impactos cada vez mais significativos para a vida nas cidades e, por isso, é fundamental trabalhar para desenvolver cidades com bons níveis de adaptação, resiliência, inteligência e cognição, de forma que o bem estar de todas as pessoas seja uma prioridade e uma realidade. 

E você, gestor? Já conhecia os conceitos  de cidades inteligentes e cidades cognitivas? Conta para a gente nos comentários e não esquece de compartilhar esse conteúdo para que ele chegue em mais gestores públicos! 

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