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Oportunidade verde para todos

Publicado em: 20.12.22 Escrito por: Paulo Alexandre Barbosa Tempo de leitura: 4 min
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Oportunidade verde para todos

Dezembro, 2022

vista de cima floresta cortada pelo rio

 

Por Paulo Alexandre Barbosa*

Produzir sem poluir. Reaproveitar os insumos, reduzir o desperdício. Gerar riquezas sem comprometer o patrimônio e as futuras gerações, deixando, como legado, o respeito ao meio ambiente que nos cerca e do qual dependemos para a nossa própria sobrevivência.

A pergunta que se impõe, aqui, é como, na prática, colocamos a Economia Verde no cotidiano da sociedade? Como fazer essa transformação, que passa, necessariamente, por uma mudança de comportamento?

Nada melhor do que desenvolver esse novo futuro nas cidades, nos bairros, nas ruas. Esse é o ‘palco’ onde a vida é vivida, onde nossos anseios, dúvidas e desafios podem e devem incorporar essa nova e fundamental realidade. Quer um exemplo?

Todos os dias, todas as famílias reservam alguns minutos para descartar seus resíduos. É um ato tão corriqueiro que nem nos damos conta de que aquilo que consideramos lixo na verdade é matéria-prima. Faça um teste na sua casa. Olhe para a sua lixeira.

Você vai perceber que a maior parte do que descartamos pode voltar a ser utilizado. Foi assim que em Santos foi criada a Ecofábrica Criativa. Todos os dias, as famílias utilizam o serviço Cata-Treco, voltado para o recolhimento de grandes volumes.

Uma pesquisa feita pela Prefeitura constatou que mais de 50% de tudo que era descartado era madeira que, convenhamos, não é lixo. Com essa ideia em mente, começamos a imaginar uma forma de reaproveitar esse insumo.

O resultado foi a criação da Ecofábrica. Ela funciona com a madeira que a população descarta e, com parte dela, o Poder Público oferece aulas de marcenaria. Uma ideia que pode ser replicada em qualquer município brasileiro, uma ideia que ensina a ver o cotidiano de forma diferente.

Outra realidade muito comum em qualquer uma das mais de 5 mil cidades brasileiras são as feiras livres. Na próxima vez que você for na feira, repare com atenção. Muito do que está a venda, infelizmente, não acaba na nossa mesa. 

Incomodada com essa realidade, Poder Público e sociedade, por meio de instituições de ensino, decidiram estudar as feiras livres. 

Em Santos, descobrimos que 20% de tudo o que é descartado pode ser consumido. Descobrimos, também, que outros 25% podem ser destinados à alimentação animal e que todo o restante, pode ser compostado e se transformar em adubo de alta qualidade.

São centenas de quilos de alimentos por dia e parte desse recurso, hoje, já está sendo aproveitado por projetos como o Mesa Brasil. Em Santos, os animais do Orquidário já consomem parte desses produtos e os jardins recebem esse adubo.

Poderia mostrar outros exemplos, inclusive de outras cidades, mas quero priorizar esses dois pelo fato de que eles lidam diretamente com o nosso dia-a-dia, demonstrando, cabalmente, que é possível sim seguir no rumo de uma Economia Verde.

Perceba. Não há grandes investimentos, nem tão pouco uma logística complicada. Buscou-se identificar, conhecer a situação, e em seguida olhar a questão não como um problema, mas como um desafio. 

A Economia Verde é um desafio. Mas é também um enorme espaço para ganhos sociais. Ela muda pensamentos e comportamentos, ela agrega e gera novas oportunidades.   

E, convenhamos, o que uma Prefeitura melhor pode oferecer do que oportunidades? E a Economia Verde é um mundo inteiro de opções para os mais diversos segmentos da nossa economia.

Começa com a formação de uma mão-de-obra especializada, passa pela criação de novos hubs, que começam a ver novos nichos e explorá-los. Inclui a Ciência, atrai agências de fomento, desperta olhares até então adormecidos.

De desenvolvedores de plataformas online à serviços de entrega, de micros, pequenas, médias e grandes empresas, todos estão aptos a desfrutar desse novo mercado, construindo uma imagem ainda mais positiva, de maior relevância social, com desdobramentos para todos e com todos.

 

*O presente artigo reflete as opiniões pessoais do colaborador.



*Esse conteúdo pode não refletir a opinião da Comunitas e foi produzido exclusivamente pelo especialista da Nossa Rede Juntos.

Artigo escrito por: Paulo Alexandre Barbosa
Ex-prefeito de Santos (SP) e colaborador da Comunitas
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