A trigésima Conferência das Partes, ou COP30, começa hoje em Belém do Pará, marcando um momento histórico: é a primeira edição realizada no Brasil e também a primeira sediada na Amazônia. 🌎
A Rede Juntos está acompanhando de perto tudo o que acontece na COP30 — das negociações oficiais às iniciativas paralelas que movimentam a cidade. Aqui, você encontrará atualizações diárias sobre os principais debates, acordos e temas do evento.
Foi no Brasil, durante a ECO-92, no Rio de Janeiro, que aconteceu a primeira reunião global sobre mudanças climáticas e sustentabilidade. Dela nasceu a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que deu origem às COPs, encontros anuais entre países para negociar ações contra a crise climática.
Belém vive um clima intenso e vibrante, com diplomatas, ativistas, ministros, jornalistas, empresários, parlamentares e representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais circulando pelos espaços oficiais e pelas múltiplas programações que tomam conta da cidade.
Então, gestor público, vamos entender mais sobre a #COP30?

Wagner Meier/Getty Images.
#CÚPULADOSLÍDERES
Apesar de ter sua abertura oficial no dia 10 de Novembro, a COP30 já reuniu líderes e chefes de Estado de mais de setenta países durante a chamada “Cúpula dos Líderes”, que aconteceu entre os dias 06 e 07 de Novembro, também em Belém.
Desse encontro já saíram alguns acordos e declarações importantes, que tem potencial para causar um impacto positivo no futuro climático do planeta.
Um primeiro acordo que merece destaque é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que é chamado de TFFF. O fundo foi proposto pelo Brasil e tem o objetivo de mudar a lógica de remuneração para os países.
Anteriormente a este fundo, organizações que não desmatavam, recebiam apoio e ajuda financeira. O TFFF pretende mudar essa lógica, remunerando não quem não derrubar as florestas, mas quem mantiver a floresta em pé.
O projeto já recebeu apoio de mais de 53 países e a ideia é que o Fundo consiga arrecadar cerca de US$ 5,5 bilhões que devem ser pagos ao longo de dez anos, divididos entre Noruega (US$ 3 bi), Indonésia (US$ 1 bi), Brasil (US$ 1 bi) e França (€ 500 mi). E o Brasil quer chegar a 2026 com US$ 10 bilhões em aportes.
Além disso, os líderes de Estado que estavam reunidos em Belém também discutiram a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas. A iniciativa foi proposta pelo governo brasileiro e cumpre um papel importante ao relacionar a crise climática com o aumento da pobreza e das desigualdades sociais. A declaração afirma que é necessário um esforço para combater injustiças, diminuir a fome e lutar contra a crise climática. No texto, os chefes de Estado declaram que:
Afirmamos que enfrentar os impactos desiguais das mudanças climáticas e promover uma resposta climática centrada nas pessoas contribuirá para transições justas e para a realização progressiva do direito humano à alimentação adequada e do direito à seguridade social, entre outros direitos humanos. Isso requer diálogo social e a participação, engajamento e empoderamento dos mais afetados pelas mudanças climáticas e pelas políticas relacionadas ao clima.
A Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas, adotada em 7 de novembro de 2025 com o endosso de 43 países e da União Europeia, é um compromisso internacional firmado durante a Cúpula de Líderes da COP30. O documento busca colocar o combate à fome e à pobreza no centro da agenda climática global, destacando que os impactos da crise climática são desiguais e atingem de forma mais severa as populações pobres e vulneráveis. Inspirada pela visão brasileira de enfrentar simultaneamente a pobreza, a fome e a emergência climática, a Declaração propõe uma abordagem que prioriza a adaptação centrada nas pessoas, com foco em medidas como proteção social adaptativa, seguros agrícolas e apoio à resiliência de pequenos produtores rurais. Além disso, o texto defende que o financiamento climático seja direcionado a projetos que gerem emprego, renda e oportunidades para agricultores familiares, povos da floresta e comunidades tradicionais, reforçando o princípio de que o desenvolvimento sustentável deve colocar as pessoas no centro das soluções. A Declaração apresenta oito objetivos mensuráveis e convoca a comunidade internacional e organismos especializados a implementar e acompanhar suas metas, com apoio do Plano de Aceleração de Soluções (PAS), que integra a Agenda de Ação da COP30.
#DIA1
A COP30 começou, oficialmente, nesta segunda-feira, dia 10 de novembro. Com as aberturas oficiais das chamadas blue zone e green zone (zona azul e zona verde) os olhos agora se voltam, de verdade, para as negociações que podem sair de Belém.
Na cerimônia oficial de início do evento, o presidente Lula fez um discurso contundente, afirmando que a COP30 vai ser a Conferência da verdade. Ele aproveitou também para criticar os gastos altos que alguns países têm com guerras e conflitos militares, enquanto os mesmos investimentos não são percebidos na área climática. O chefe de Estado brasileiro disse:
A COP30 será a COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências científicas, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam ódio e espalham o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas. – Lula da Silva
O destaque do dia foi a aprovação da agenda da Conferência, que marca o início efetivo das negociações entre os países. A definição da agenda costuma ser um dos principais pontos de impasse nas COPs — nas duas edições anteriores, ela só foi concluída após os quatro primeiros dias de evento. Por isso, a aprovação antecipada foi recebida com grande harmonia e interpretada como um sinal positivo do que está por vir.
Highlights
- Governos da Alemanha e da Espanha anunciaram a criação de um novo programa voltado a aumentar a resiliência às mudanças climáticas em países em desenvolvimento, com um aporte conjunto de US$ 100 milhões. A iniciativa foi divulgada em evento paralelo à COP30 e marca um compromisso relevante com a adaptação e o apoio internacional diante dos impactos climáticos.
- A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, anunciou que 111 Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) já foram submetidas — um aumento expressivo em relação às 64 registradas há poucas semanas. O avanço representa cerca de 71% das emissões globais de gases de efeito estufa, mostrando que o Acordo de Paris e o multilateralismo seguem vivos e se fortalecendo. Apesar do progresso, 86 países ainda não enviaram suas metas, incluindo grandes emissores como Índia, Irã e Arábia Saudita.
#DIA2
As negociações começaram oficialmente na COP30! Nos próximos dias, líderes mundiais e representantes dos países vão se debruçar sobre temas urgentes como adaptação climática, transição energética, redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE), mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, preservação de florestas, entre outros.
O número de credenciados para a Conferência já superou as 56 mil pessoas, um número menor somente dos credenciados para a COP de Baku, no Azerbaijão (cerca de 67 mil pessoas) e para a COP de Dubai (foram quase 100 mil inscritos).
O desenvolvimento de documentos direcionadores também têm caminhado na conferência. Em 11 de novembro, o documento chamado “Carta da Aliança dos Povos Guardiões da Amazônia” foi entregue ao presidente da COP, o embaixador André Corrêa do Lago. Essa carta defende protagonismo para as populações que vivem nas florestas, quando políticas públicas climáticas forem construídas.
Highlights
- A não participação do governo americano em Belém não é casual, mas resultado de uma decisão política do presidente Donald Trump, que rompeu novamente com o Acordo de Paris, suspendeu metas de redução de emissões e desmontou programas de energia limpa da gestão anterior.
- Mesmo assim, vozes estadunidenses seguem presentes na COP30. Uma delegação informal com líderes estaduais e ex-integrantes do governo Obama participa das discussões em Belém.
- Durante as negociações, o grupo G77 + China recebeu o prêmio “Ray of the Day”, concedido por ONGs às delegações que mais contribuem para o avanço dos acordos climáticos.
- Diferente do tradicional “Fóssil do Dia”, que ironiza países que dificultam o progresso, o “Raio do Dia” reconhece e celebra ações e posturas construtivas que impulsionam o diálogo e a cooperação global.

Criado em 1999, o Fóssil do Dia é um dos rituais mais conhecidos das conferências do clima da ONU. O prêmio, sempre irônico, vai para países ou blocos que, segundo a Climate Action Network (CAN), atrapalham o progresso das negociações, seja por decisões internas, discursos, bloqueios ou falta de ambição climática.
Nos próximos dias, espera-se que os acordos avancem e que fique mais claro o conteúdo das discussões que estão ocorrendo nas salas da COP30.
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