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Das promessas eleitorais ao planejamento operacional

Publicado em: 05.09.23 Escrito por: Flávio Emílio Rabetti Tempo de leitura: 6 min
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Em setembro de 2024, já estaremos diante de um cenário de pleitos para as eleições municipais em todo Brasil. Diferente da eleição anterior da qual vivenciamos momentos atípicos em decorrência da pandemia do COVID – 19, desta vez o panorama é que as redes sociais estão consolidadas como instrumento de popularidade, mas teremos como principal ferramenta o contato físico dos postulantes aos cargos de Prefeito e Vereador aos seus eleitores.

O eleitor que por sua vez tem mais interesse e almeja discutir programas de Governo, estará mais exigente, deixando o extremismo para uma minoria, nesse sentido, o grande número nos colégios eleitorais de todo País tem a expectativa na entrega de programas coerentes e que causam impacto na vida dos munícipes. 

É diante desse panorama que as promessas eleitorais começam a ter uma configuração de programas de governo, dos quais necessariamente devem conter uma amplitude de informações e principalmente como se dará sua execução, pois diferentemente do setor privado no qual tem mais flexibilidade para gerir os recursos, o setor público trabalha com um orçamento “fechado” existindo um equilíbrio fiscal e financeiro com seus limites e condições pré-estabelecidas.

Quanto mais transparente, didático e coeso com a realidade financeira e com o momento situacional do País melhor para a população que poderá acompanhar as execuções do programa e participar das melhorias enquanto a implementação de tais políticas públicas. 

Créditos: Unsplash.

Ainda no programa de governo, cabe à equipe do postulante criar alternativas para o uso do recurso público, ou seja, apresentar o modus operandi para novos projetos diante de um orçamento público “engessado”.

Essas alternativas podem partir desde pequenos projetos, mas que impactam a cultura comportamental dos munícipes como algumas criações de nugdes, melhorando a vida do cidadão, ou a criação de políticas públicas preventivas, gerando assim mais qualidade de vida para a população, como também a modelagem de grandes investimentos através de parcerias público privada ou concessões comuns.

Ao postulante do cargo eletivo, é necessário, ressalta-se, além do carisma junto ao eleitor, o conhecimento de uma equipe que saberá inserir em seu programa de governo os referidos projetos e apresentar soluções como a possibilidade de inúmeras parcerias com a sociedade civil, segundo e terceiro setor, além da necessidade na captação de recursos, tendo como parceiros o Governo Federal, Governo Estadual, mecanismos internacionais (ex: Bulding Better Global Economic – BRICs) ou mecanismos nacionais (ex: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES).  

A cidade só conseguirá notar as diferenças qualitativas nas políticas públicas e na execução de grandes projetos, se o Administrador implementar as referidas possibilidades, já que o orçamento na grande maioria dos municípios tem compromissos com o custeio da máquina fazendo com que grandes projetos não saiam do papel. 

Assim que eleito, o chefe do executivo irá transformar seu programa de governo no plano de metas, então, haverá necessidade da criação do planejamento estratégico (prefeituras sem planejamento estratégico passam meses após meses “apagando fogo” sem ter a ideia de que caminho seguir).

Parafraseando Augustinho Paludo, “planejamento estratégico é uma análise racional dos pontos fortes e fracos (ambiente interno) da organização e as oportunidades e ameaças (ambiente externo).” O mandatário deve conhecer a função administrativa da organização e fazer o devido mapeamento para encontrar políticas convenientes e suas oposições. 

O Planejamento estratégico visa algo a longo prazo para chegar a um futuro mais bem preparado e com a entrega de projetos aceitos pela população que foram definidos pela cúpula da organização. 

O controle e avaliação das ações feitas pela organização devem passar pela alta administração que validará ou alterará a execução com base na eficiência e obtenção de resultados para aumentar o nível de satisfação do cidadão, ou seja, haverá um engajamento da sociedade com o setor público e não um descrédito e distanciamento.

Como forma de validar a necessidade deste planejamento, o Tribunal de Contas da União avaliou que 25% das organizações (União) estão em uma zona de “desorientação estratégica” resultando em ineficiência nos serviços públicos prestados, ressaltando a Corte de Contas que nos Estados e Municípios a situação é bem pior.

Após a criação da estruturação de um planejamento estratégico, o governante eleito poderá dividir suas ações para obtenção de resultados na formação de um planejamento funcional, onde seus secretários e diretores farão a intermediação com o estratégico e o planejamento operacional.

É nesse planejamento que a liderança deverá apresentar aos servidores operacionais a razão de Ser da organização, e os princípios norteadores daquele setor, mais especificamente trabalhando nas relações interpessoais (inteligência emocional) e na otimização das áreas, ou seja, a liderança terá um papel decisório, mais detalhado e projetado a médio prazo.

Por fim e não menos importante é o planejamento operacional, com metas específicas e envolvendo cada atividade e rotina, visando garantir que as tarefas e operações sejam realizadas de acordo com os procedimentos estabelecidos pela organização. 

Nota-se que são ações de curto prazo, diferentemente da situacional que são de médio prazo e do estratégico – longo prazo. Seu grau de incerteza é de baixo risco e seu grau de flexibilidade é alto, em contraponto dos demais planejamentos. 

Diante de tamanho desafio aos postulantes, seja para reeleição ou para o primeiro mandato, necessário se faz a criação de um programa de governo realista nos próximos quatro anos sem a promessa de mudança e soluções rápidas, pois essas promessas podem ser atraentes para uma população, mas não funcionam. E assim que eleito, que seja apresentado uma estruturação estratégica, funcional e operacional para aqueles que deram credibilidade ao Eleito e para o servidor que irá executar as ações da organização e muitas vezes ficam sem direção e capacidade de executá-las.



*Esse conteúdo pode não refletir a opinião da Comunitas e foi produzido exclusivamente pelo especialista da Nossa Rede Juntos.

Artigo escrito por: Flávio Emílio Rabetti
Diretor de Captação de Recursos e Convênios Governamentais
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