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Na última sexta-feira, dia 13 de maio, ocorreu o evento Liderança e Inovação – Novos Caminhos para a Segurança Pública, organizado pela Comunitas. Estiveram presentes no evento gestores públicos municipais e estaduais, bem como especialistas no setor de segurança pública. Ao longo da programação, três rodas de discussão abordaram os desafios e avanços recentes, compartilharam boas práticas em políticas públicas e debateram ações estratégicas para aprimorar a segurança no país.
Quer saber mais sobre o que foi discutido no evento? Siga a leitura!
Desafios Estruturais e Perspectivas para o Futuro da Segurança Pública
O cenário da segurança pública no Brasil é marcado por profundas transformações sociais, políticas e tecnológicas. As mudanças no comportamento social, impulsionadas especialmente pela digitalização e novas formas de organização da sociedade, desafiam o modelo tradicional de atuação do Estado, que costuma operar com base em respostas concretas.
Diante disso, torna-se cada vez mais necessário repensar a segurança pública a partir de um olhar sistêmico, integrado e responsivo, capaz de compreender e agir sobre os dilemas e desafios do presente. O Brasil já tentou diversas vezes enfrentar os problemas da segurança pública, elaborando inclusive vários planos nacionais para a área. No entanto, um dos grandes gargalos citado no evento, é a falta de monitoramento e avaliação que evidencia as fragilidades dessas iniciativas e diretrizes.
Um novo paradigma se faz necessário diante dos desafios impostos à gestão da segurança pública – mas dessa vez, orientado por dados, evidência e accountability.
Não há na língua portuguesa uma tradução direta para o termo accountability. No entanto, esse é tema frequente entre pesquisadores e especialistas em gestão pública. Accountability faz referência à responsabilização, transparência e prestação de contas. Isso significa que os responsáveis pelas políticas públicas podem ser responsabilizados por suas ações e, ao mesmo tempo, têm o dever de aproximar a sociedade da administração pública.
Tecnologia, Dados e Experiências Inovadoras no Brasil
O uso estratégico de tecnologias e dados foi apresentado como um dos temas mais promissores no cenário atual da segurança pública. A transformação digital tem impulsionado novas ferramentas que, quando integradas de forma inteligente aos sistemas institucionais, oferecem maior agilidade, precisão e eficácia no combate ao crime e à violência.
Estados como o Piauí e municípios como o Rio de Janeiro vêm se destacando por colocar dados no centro da gestão da segurança. No Piauí, por exemplo, foi criada uma superintendência de Cidadania Digital, com foco em qualificar o letramento digital dos cidadãos e fortalecer o uso de bases integradas de dados, biometria e registros de ocorrências. O desenvolvimento da plataforma BO Fácil, exemplifica como a digitalização tem sido utilizada para superar desafios, como o desestímulo à formalização de denúncias.
No Rio de Janeiro, a Civitas tem desempenhado um papel inovador ao desenvolver uma central de dados territoriais operando 24 horas por dia. A integração no monitoramento é proveniente de radares, sistemas de denúncia e bancos públicos, que permite a apuração em tempo real de veículos suspeitos, a geração de mapas criminais e a atuação preventiva das forças de segurança.
Embora esses avanços tenham sido apontados, é importante reconhecer que tecnologia, por si só, não resolve problemas estruturais. A eficácia dessas soluções depende do alinhamento institucional, da capacitação dos agentes públicos e da priorização da governança orientada a resultados. Há também desafios importantes, como o uso ético dos dados, a proteção de informações sensíveis e a criação de protocolos para garantir que a inovação tecnológica esteja a serviço da cidadania e dos direitos fundamentais.
O caminho apontado pelos especialistas e gestores públicos durante encontro foi que uma segurança pública eficiente requer integração entre esferas de governo, investimento em inteligência e tecnologia, fortalecimento da atuação municipal, e, sobretudo, o uso de evidências para definir prioridades. Experiências bem-sucedidas podem servir de exemplo para definir políticas estruturadas e sustentáveis, garantindo que a inovação seja também sinônimo de justiça e bem-estar social.
Caminhos e Convergências para a Segurança Pública
Como visto, novas abordagens precisam ser incorporadas à segurança pública. A gestão em segurança pública no Brasil exige uma abordagem que vá além do enfrentamento direto à criminalidade. A nova lógica para lidar com a violência precisa ser baseada em evidências, integração e cuidado com os territórios.
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É preciso entender que segurança não se faz apenas com polícia. Experiências de sucesso mostraram que quando há investimento em cultura, arte, urbanismo social e presença ativa do Estado, os territórios respondem com menos violência e mais vida. Uma das prioridades passa a ser o diagnóstico aprofundado de cada território, permitindo ações personalizadas e integradas com outras áreas focadas também na prevenção.
Essa visão integrada exige que diferentes esferas de governo, incluindo os municípios, assumam protagonismo na construção de soluções. Guardas municipais devem ser capacitadas e inseridas em estratégias de prevenção que combinem zeladoria urbana, tecnologia e inteligência territorial. A governança precisa ser compartilhada.
A proteção de quem protege também foi posta em debate. Forças policiais morrem não apenas em serviço, mas também em silêncio, vítimas do sofrimento psíquico e do abandono institucional. O crescimento de suicídios entre agentes da segurança revela uma ferida pouco debatida: a negligência com a saúde mental desses profissionais. Priorizar a saúde mental nas políticas de segurança é uma estratégia indispensável para transformar a lógica repressiva em uma abordagem mais eficaz, humana e sustentável.
Um último aspecto apresentado foi o panorama atual da segurança pública com base no recém lançado Atlas da Violência 2025. Os dados indicam que, entre 2022 e 2023, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes no Brasil caiu 2,3%, alcançando o menor índice registrado nos últimos 11 anos.
O Atlas é uma iniciativa contínua do IPEA, que tem como objetivo dar um panorama sobre o cenário de violência nacional. Realiza-se na pesquisa um detalhamento populacional por idade e outras características sociais para entender o real cenário brasileiro. Acesse aqui o portal do Atlas da Violência.
No encontro, uma mensagem ficou clara: enfrentar a crise da segurança pública passa por reconhecer que o sonho das pessoas — de viver com dignidade, com oportunidades e com paz — precisa ser protegido. E para isso, é preciso vontade política, escuta ativa dos territórios e compromisso com soluções sustentáveis que unam cuidado, prevenção e justiça.
E você, gestor, já conhecia as abordagens de segurança pública com base em evidências? Continue acompanhando a Rede Juntos para não perder nada sobre o tema!
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Somos servidores, prefeitos, especialistas, acadêmicos. Somos pessoas comprometidas com o desenvolvimento dos governos brasileiros, dispostas a compartilhar conhecimento com alto potencial de transformação.
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