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Inovação impulsiona o planejamento urbano para cidades inteligentes no Brasil

Publicado em: 21.08.23 Escrito por: Redação Tempo de leitura: 6 min Temas: Mobilidade Urbana, Planejamento Urbano
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Inovação impulsiona o planejamento urbano para cidades inteligentes no Brasil

Atualmente, um pouco mais da metade da população mundial reside em áreas urbanas. Portanto, refletir sobre as cidades é também ponderar sobre a qualidade de vida da maioria dos habitantes do planeta, que as escolhem como lar e moldam suas redes sociais e econômicas. 

Através do Vale do Pinhão em Curitiba, Prefeitura, startups, universidades, entidades de fomento econômico, fundos de investimento, incubadoras, aceleradoras, hubs de inovação e empreendedores estão mobilizados para desenvolver soluções inovadoras em áreas como empreendedorismo, reurbanização, mobilidade urbana, saúde, educação e meio ambiente. Foto: Cesar Brustolin/SMCS.

No Brasil, a urbanização tem sido o principal catalisador da transformação socioeconômica e demográfica, exercendo um impacto profundo nas últimas seis décadas e liderando o processo de modernização do país. 

No entanto, ao longo dos últimos dois séculos, as cidades têm liderado inovações econômicas, tecnológicas, científicas e culturais que reconfiguraram estruturas familiares, organização social e relações de trabalho, viabilizando avanços sem precedentes nos direitos de cidadania para segmentos cada vez mais amplos da população.

A discussão sobre a transformação urbana tem sido cada vez mais permeada pela inovação tecnológica, que está remodelando não apenas formas de vida, mas também os métodos de administração e inclusão das cidades em novos sistemas, revigorando possibilidades e reconstruindo-as como ‘cidades inteligentes‘. 

No entanto, como o Brasil, seu planejamento urbano e os responsáveis pela gestão urbana estão se inserindo nesse movimento de sociedades altamente conectadas e abordagens disruptivas?

À medida que as cidades enfrentam desafios decorrentes do crescimento populacional, a necessidade por soluções criativas tem se intensificado. Nesse contexto, o conceito de cidades inteligentes surge como uma inovação capaz de enfrentar esses desafios em expansão, consolidando-se globalmente e impulsionando um mercado de soluções tecnológicas. Muitas cidades na China, Japão, Alemanha, Espanha, Áustria e Estados Unidos estão adotando abordagens nessa direção em seus planejamentos urbanos.

No Brasil, o assunto também ganhou relevância. Desde 2021, vem tramitando na Câmara dos Deputados o PL 976/2021, que visa estabelecer a Política Nacional das Cidades Inteligentes (PNCI)

Confira o nosso texto sobre o ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura!

O desenvolvimento das cidades inteligentes no país tem ocorrido de forma gradual. Anualmente, o Ranking Connected Smart Cities mapeia e analisa dados de todos os municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes para apontar os mais desenvolvidos e conectados.

De acordo com esse ranking, Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e São Paulo (SP) são as cidades mais inteligentes do país. O caso de Curitiba é especialmente ilustrativo. A cidade se destaca por seu planejamento urbano, tecnologia, industrialização, disponibilidade de Wi-Fi público em toda a área urbana, aplicativos que oferecem serviços online à população e uma política voltada para o fortalecimento do turismo e a geração de renda. É relevante mencionar o projeto “Vale do Pinhão“, que busca estimular a inovação por meio do empreendedorismo, economia criativa e tecnologia.

O Brasil vive o paradoxo de estar entre excelentes parques tecnológicos, incubadoras e centros de pesquisa, ao mesmo tempo em que lida com questões básicas para o desenvolvimento humano. Sem levar em conta a preocupação com a inclusão socioeconômica, as cidades inteligentes podem acabar deixando cidadãos de fora da cidade, a depender das suas condições de acesso à tecnologia. 

De forma mais abrangente, a inovação como fator influente no planejamento urbano das cidades enfrenta desafios tradicionais tais como a dificuldade de acesso a financiamento e soluções habitacionais de qualidade; acesso inadequado a serviços básicos; desconexão socioespacial; riscos e desastres decorrentes das mudanças climáticas; desemprego, baixo orçamento, descontinuidades nas políticas públicas entre mandatos, burocracias lentas e por vezes dificultadoras.

Mais especificamente, a partir de uma pesquisa feita com municípios paranaenses que poderia ser estendida ao país. Podemos dividir a realidade das cidades brasileiras em diferentes grupos de desenvolvimento quanto à infraestrutura e gestão de recursos para alcançar os benefícios das Smart Cities

  1. Dependente (municípios de regiões metropolitanas que dependem da infraestrutura de grandes polos); 
  2. Indiferente (cidades grandes e ricas que possuem infraestrutura, mas não se preocupam em oferecer e-services aos cidadãos);
  3. Sem recursos (cidades pequenas e pobres sem nenhuma infraestrutura);
  4. Bem organizadas (cidades pequenas e razoavelmente pobres, mas que conseguiram, com poucos recursos, acesso à Internet, serviços virtuais e inclusão digital); 
  5. E potenciais cidades inteligentes (Curitiba, a capital, com a melhor infraestrutura e serviços, mas que não transfere suas vantagens para as cidades vizinhas).

De acordo com informações do Fórum Nacional de Secretários e Gestores Municipais de Relações Internacionais (FORNARI), uma associação civil voltada para inserção internacional dos Municípios, observou-se que apenas 29 municípios brasileiros possuem estruturas de secretarias, coordenadorias e assessorias Municipais com essa finalidade. Destes, cinco municípios integram o Programa Juntos, área responsável por projetos em Gestão Pública da Comunitas, são eles: Campinas, Pelotas, Santos e agora vão se juntar a Porto Alegre e São Paulo.

As soluções possíveis são muitas e precisam levar em consideração as parcerias com o setor privado, sejam elas Parcerias Público-Privadas (PPPs), por exemplo, na gestão da mobilidade urbana, iluminação pública, controle de trânsito e serviços de saúde. 

No entanto, as parcerias entre entidades públicas e privadas não se restringem à infraestrutura, mas podem ter como objeto diversos temas, ou mesmo variar em “intensidades” de parcerias. Além disso, a inclusão de outros parceiros, como universidades e organizações da sociedade civil, pode enriquecer ainda mais esse processo.

Para que seja a inovação que de fato ajude a construir um futuro melhor para as cidades, quando aplicadas ao planejamento urbano, as novas tecnologias precisam ajudar a criar cidades melhores para as pessoas. 

A escala humana sempre deve ser a prioridade. Mais do que dar atenção à tecnologia, a inovação precisa ajudar a criar o melhor habitat para, como dissemos, mais da metade da população do planeta.

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Referências: SMART CITIES | COMUNITAS | SIMTD | WRI 

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