Neste 2025, o Brasil se tornou o grande foco do mundo ao sediar a COP30, apresentou avanço significativo nos debates sobre o uso da Inteligência Artificial e o comprometimento de dados pessoais dos seus usuários, vivenciou disputas econômicas internacionais, agravadas pelo Tarifaço dos Estados Unidos e presenciou discussões sobre a importância da segurança pública e do combate ao crime organizado.
Em um ano com tantos acontecimentos relevantes, vamos relembrar um pouco do que aconteceu de mais importante em diferentes áreas e setores? Continue lendo para descobrir!
O planeta aqueceu mais ainda
O ano de 2025 está entre o segundo e terceiro ano mais quente registrado, de acordo com dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), um braço da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgados no dia 06 de novembro de 2025.
Na prática, isso já tem impactado diretamente a vida em estados e municípios que têm se tornado mais suscetíveis a enchentes, grandes chuvas, alagamentos, ondas de calor e de frio, excesso de ar seco e outras alterações climáticas significativas.
Um estudo deste ano, feito pelo Centro de Síntese em Mudanças Ambientais e Climáticas (Simaclim), mostrou que 2.807 dos 5.570 municípios brasileiros já estão em situação de vulnerabilidade climática alta ou muito alta.
Isso mostra que é cada vez mais importante que se criem políticas públicas para enfrentar essa realidade climática, construindo planos de adaptação e resiliência para os municípios brasileiros.
Todos os olhos no Brasil: a COP30, em Belém do Pará

Créditos da imagem: Freepik
Foi nesse cenário de agravamento das mudanças climáticas que aconteceu a COP30, em Belém, capital do Pará, na região da Floresta Amazônica. Líderes mundiais e nacionais se reuniram para buscar respostas concretas e medidas práticas para combater os efeitos da crise climática e garantir mais qualidade de vida para todas as pessoas.
Os acordos firmados em Belém têm potencial para trazer grandes avanços nesta pauta. A histórica menção a povos indígenas e afrodescendentes, por exemplo, foi importante para reconhecer o trabalho de povos que há décadas lutam por justiça climática e preservação de territórios.
A Conferência também alcançou resultados importantes sobre financiamento climático. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa proposta pelo governo brasileiro, conseguiu arrecadar mais de US$ 5,5 bilhões durante a conferência. O Fundo contou ainda com apoio de países importantes como Alemanha, Noruega e França.
Além disso, a discussão sobre combustíveis fósseis dominou parte significativa da COP30. Embora o tema não tenha entrado no documento final, ganhou força com a proposta brasileira de elaborar um roteiro para o fim do uso desses recursos. A centralidade do debate sobre petróleo e gás levou Colômbia, Holanda e outros países a anunciarem uma cúpula, em 2026, dedicada a discutir caminhos para encerrar o uso de combustíveis fósseis e avançar na transição energética, um evento que deve influenciar as negociações climáticas do próximo ano.
Quer saber mais detalhes sobre tudo o que aconteceu na Conferência das Partes de Belém? A Rede Juntos fez uma cobertura diária dos eventos da COP e você pode conferir aqui!
Tarifaço norte-americano: o que mudou para a economia brasileira?

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Algo que chamou muito a atenção esse ano e que foi responsável por diferentes impactos na política econômica do Brasil e do mundo foi o chamado “Tarifaço” estabelecido pelo governo dos Estados Unidos da América.
Desde que reassumiu a Casa Branca, no início de 2025, o presidente Donald Trump anunciou que aumentaria as taxas de imposto sobre os produtos comprados de alguns países estrangeiros. Locais como a China e a Índia foram diretamente afetados no primeiro momento, com taxas de importação de 104% para os chineses e 50% para os indianos.
Porém, não foram somente os países asiáticos que se viram afetados pela política tarifária de Trump. Originalmente, os produtos brasileiros estavam sendo taxados com uma tarifa de 10% sobre os seus produtos. Mas, em julho de 2025, o presidente norte-americano elevou esse valor para 50%, o que afetou diretamente uma série de indústrias brasileiras como as do café, da laranja e da carne.
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais estimou que o tarifaço poderia causar uma perda de R$ 175 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ao longo dos próximos 10 anos.
Frente ao cenário de graves impactos à economia brasileira, o governo federal iniciou uma série de negociações com a Casa Branca, buscando encontrar saídas para o impasse que estava estabelecido. Além disso, criou-se o chamado Plano Brasil Soberano, que buscava apoiar os comerciantes, as empresas e os produtores impactados pelo tarifaço.
Atualmente, o governo brasileiro conseguiu a exclusão de diversos produtos da lista de sobretaxa dos Estados Unidos. Mercadorias como café, laranjas, carne e castanhas já estão fora da política de tarifaço americano, o que pode aliviar os prejuízos causados pela política norte-americana.
Mesmo assim, o cenário ainda causa preocupação, pois, segundo a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), cerca de 32,7% das exportações brasileiras aos EUA (US$ 13,8 bilhões) permanecem com tarifa combinada de 50%. Produtos manufaturados como máquinas, equipamentos, móveis e calçados, além de produtos primários como mel e pescados, ainda estão na lista de mercadorias tarifadas, o que continua causando impacto para a economia brasileira.
Por outro lado, o tarifaço não foi capaz de comprometer a economia brasileira de forma profundamente prejudicial. O Brasil aproveitou a situação para expandir suas relações econômicas e comerciais, passando a vender seus produtos para outros mercados fora dos EUA. A produção de carne, por exemplo, foi exportada para novos locais como a Indonésia, as Filipinas e o Vietnã. Simultaneamente, o aumento internacional do preço de alguns produtos fez com que o Brasil lucrasse mais, mesmo vendendo menos. Foi o que aconteceu com o café brasileiro, por exemplo.
As exportações do grão brasileiro para o mundo caíram 30% em agosto de 2025, para 149 mil toneladas, mas os vendedores receberam 2% a mais: US$970,8 milhões. Assim, apesar das sérias consequências do tarifaço internacional, a economia e os produtores brasileiros encontraram bons caminhos para manter as vendas acontecendo e a roda da economia girando.
Tech e IA avançaram?
O ano também teve como destaque o avanço no uso de diferentes tecnologias e a preocupação com a predominância cada vez maior das inteligências artificiais (IAs).
O ano começou no Brasil com a promulgação da Lei 15.100/2025, que proibiu o uso de aparelhos celulares e outros dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes em ambiente escolar e durante as aulas. A decisão do governo federal veio após o boom de dados e informações sobre os prejuízos que as telas e as redes sociais têm causado ao desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens.
Essa medida já entregou resultados positivos. Segundo uma pesquisa realizada pela Frente Parlamentar Mista da Educação em parceria com a Equidade.info, 83% dos alunos estão prestando mais atenção nas aulas, o que pode indicar um acerto dos governos ao adotar essa política.
Em 2025, a Austrália se tornou o primeiro país do mundo a proibir redes sociais para pessoas menores de dezesseis anos. O governo australiano decidiu bloquear aplicativos como TikTok, Instagram e Facebook para jovens e crianças, uma política pioneira em tempos de tantas telas e tecnologias.Você sabia que....
Outros países também têm avançado nessa discussão, como é o caso da Noruega, que anunciou em 2025 um acordo para vetar o acesso de crianças com menos de 15 anos às redes sociais. Porém, o país continua permitindo que os responsáveis concedam acesso a quem for maior de 13 anos.
Nem só de impactos negativos e críticas vive a tecnologia… Ao mesmo tempo que devem ser usadas com o cuidado necessário, as Inteligências Artificiais têm a possibilidade de gerar até 170 milhões de novos empregos até 2030, de acordo com dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
As IAs também têm ajudado a acelerar as carreiras da chamada Geração Z, aquela com pessoas nascidas entre 1997 e 2010. Segundo dados do censo americano publicados em setembro de 2025, 9,7% das empresas nos EUA relataram usar IA para produzir bens e serviços, contra 5,5% um ano antes. Entre jovens, quase 6 em cada 10 afirmam usar a ferramenta ao menos uma vez por mês, de acordo com a pesquisa Gallup de março.
Assim, é possível dizer que, de fato, as IAs e as novas tecnologias geraram grandes impactos em 2025. Seja impactando a construção de políticas públicas ou incidindo em questões do mercado de trabalho.
Segurança pública é a maior preocupação dos cidadãos
Uma pesquisa do DataZap, publicada em maio de 2025, mostrou que para 55% dos brasileiros, a segurança pública é a maior preocupação nas cidades em que residem.
Por isso, um dos grandes marcos desse ano foi a discussão sobre a PEC da Segurança Pública, proposta pelo governo federal do Brasil. A Proposta de Emenda à Constituição pretende integrar as esferas federal, estadual e municipal de segurança, além de prever financiamento estável e padronizar coleta de dados.
A proposta já foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, mas ainda não foi votada em plenário. Se aprovada, a PEC pode trazer grandes impactos para a segurança pública brasileira, com planejamento e estratégia unificados, aprimoramento nas operações de apreensão de arsenais de armas e bloqueio de milhões em bens e contas ligados às organizações criminosas. Fique de olho em 2026!
O combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro chamou a atenção em 2025. Em agosto deste ano, uma grande operação na Avenida Faria Lima, zona comercial nobre da cidade de São Paulo, mostrou e desmascarou como o crime organizado tinha se infiltrado nas organizações financeiras, como bancos e fundos de investimento.
Essa megaoperação foi considerada uma das maiores da história do combate ao crime organizado, com 350 alvos no total, sendo 42 deles somente no centro financeiro da capital paulista.
Quer saber mais sobre o tema da lavagem de dinheiro e sobre questões de segurança pública no Brasil? Não deixe de conferir o texto da Rede Juntos sobre isso! É só clicar aqui.
E agora?
O que se percebe é que 2025 foi um ano marcado por grandes eventos políticos, econômicos e ambientais. O ano que vem promete trazer ainda mais emoção para a arena política, porque teremos eleições para eleger o novo Presidente da República, novos governadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores.
As mudanças que o mundo enfrentou em 2025 têm potencial para criar efeitos em 2026, ampliando debates que foram iniciados neste período. Assim, é fundamental manter as atenções voltadas para esses temas, preparando a gestão pública para lidar com tantos impactos transversais.
E você, gestor público, acompanhou de perto algum desses temas? Alguma dessas questões impactou diretamente a sua região? Conta para a gente nos comentários!
Segurança é a maior preocupação dos brasileiros nas cidades que residem, CNN Brasil | Tarifaço de Trump: veja a nova lista de produtos brasileiros que ficam de fora das tarifas de 40%, G1 São Paulo | PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões com tarifa de 50% de Trump, diz estudo, G1 São Paulo
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