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Influência das Interconexões Climáticas no Regime de Chuvas: Estudo da Bacia Hidrográfica do Guandu (pt.3)

Publicado em: 18.09.24 Escrito por: Marcelo Danilo da Silva Bogalhão Tempo de leitura: 9 min Temas: Meio ambiente e Sustentabilidade
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Metodologia 

Para o início desse estudo toma-se como base a Região Hidrográfica do Rio Guandu, principal bacia de abastecimento de água para toda a cidade do Rio de Janeiro e a região metropolitana foi escolhido um ponto de monitoramento com maior significância dentro da bacia hidrográfica, situado na cidade de Seropédica, a estação telemétrica ECOLOGIA AGRIC. (KM 47) – ID 2243186 Lat.:-22,7667°; Long.: -43,6833°, em operação desde Fev/1939 mas funcionando tematicamente somente a partir de 01/05/2000 operada pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Ver Figura 17.

Pegou-se um período de cerca de 30 anos entre 1981-2010, devido a uma certa constância de valores, optou-se em trabalhar com dados brutos com períodos de intervalos de 10 em 10 anos ao invés de ano a ano. Para esse início de análise foi considerado a análise dos dados a Normal Climatológica do Brasil período de 1981-2010, que são os valores médios calculados em determinado período relativamente longos e constantes considerando ao menos três décadas consecutivas e possuindo padrões climatológicos normais e períodos consecutivos de 30 anos seguindo critérios recomendados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) todos os dados utilizados, foram coletados no site do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).

Figura 17 – Estação Pluviométrica

Fonte: Rede de Estações – INMET

Caracterização da área de estudo  

A divisão da Região Hidrográfica do Rio Guandu foi planejada por Unidades Hidrológicas de Planejamento (UHP´s) Figura 18, melhorando entendimento das especificidades locais e facilitando uma melhor gestão da bacia foram considerados na metodologia as características físicas (hidrográficas, hidrológicas, geológicas, morfológicas) e ainda socioeconômicas, culturais, político-administrativos e institucionais, relacionadas ao recurso hídrico. 

Figura 18 – Unidades Hidrológicas de Planejamento (UHP´s) – RH II

Fonte: PERH-GUANDU, (2018)

A geologia da região está conectada a Província Geotectônica Mantiqueira mostrando predominância de rochas ígneas e metamórficas pré-cambriana sua geomorfologia é composta por montanhas e escarpas vertentes oceânicas da Serra do Mar na parte sudoeste e nordeste da bacia e pelos maciços da Pedra Branca, Mendanha e Ilha da Marambaia ao longo da faixa costeira indo no sentido norte-nordeste e ainda pela extensa planície flúvio-marinha (baixada) constituindo a Baixada de Sepetiba as maiores altimetrias da bacia são encontradas nas partes nordeste e sudoeste da RH II variando entre 900 a 1500 metros, Figura 19 na parte mais central as altitudes mínimas são de 100 a 800 metros e ao nível do mar em cerca de 50 metros os tipos de solos encontrados dentro da RH II em sua maioria são: Argissolos Amarelos Distróficos, Cambissolos Háplicos Tb Distróficos, Argissolos Vermelho – Amarelos Distróficos e Argissolos Vermelhos Amarelos Eutróficos.

Figura 19 – Hipsometria – RH II.

Fonte: PERH-GUANDU, (2018)

Infraestrutura Hidráulica

É um complexo conjunto de estruturas hidráulicas na RH II responsável pela transposição e geração de energia, formado por cinco usinas sendo três geradoras (Nilo Peçanha, Fontes Nova e Pereira Passos) e duas elevatórias (Santa Cecília e Vigário) transpondo às águas do Rio Paraíba do Sul para a bacia do Rio Guandu compondo ainda o sistema seis reservatórios de água sendo o maior complexo hidráulico do estado do Rio de Janeiro o Complexo Hidrelétrico de Lajes, esse complexo viabiliza não somente a geração de energia elétrica mas também é responsável por todo abastecimento de água a região metropolitana do Rio de Janeiro através da maior estação de tratamento de água do mundo a ETA GUANDU, (PERH-GUANDU,2018) Figura 20.

Figura 20 – Parque Gerador da Light Energia– RH II

Fonte: Light (2017).

Resultados Preliminares  

A primeira análise consta de dados das teleconexões climáticas de EL Niño/La Niña (Quente e Seco/Frio e Chuva) ocorridos em períodos de 40 anos (1975 a 2018), criou-se uma tabela combinada com a ocorrência dos dois fenômenos para uma melhor observação e aí se utilizando apenas dos dados significativos para comparação posterior com a pluviosidade ocorrida na RH-II em período de 30 anos.

O objetivo foi comparar no período de 30 anos a ocorrência dos fenômenos e se ocorreram impactos significativos na alteração pluviométrica para a Região Hidrográfica do Guandu – RHII os dados pluviométricos utilizados da Região Hidrográfica do Guandu – RHII, foram coletados na estação pluviométrica ECOLOGIA AGRIC. (KM 47), observou-se em período da ocorrência de El Niño (1980-1988) variação de fases de Moderado a Forte e que no Primeiro Decênio do estudo (1981-1989) ocorreram muitas chuvas no mês de janeiro, abril, junho e novembro em comparação com os outros dois Decênios (1991-2001) e (2001-2010), observado na análise que durante esse período da ocorrência do EL Niño a região da bacia hidrográfica do Guandu – RH II não sofreu interferência do fenômeno já que deveria ter ficado mais seco o clima na região, junto com o fenômeno do El Niño (1980-1988) também se observa na análise a ocorrência do ODP (Oscilação Decadal do Pacífico) na Fase Fria e ocorrência do Dipolo do Atlântico Sul (TSAI) para o mesmo período variando de Fase Quente entre os anos de 1983 e 1984 e se mantendo na Fase Fria de 1984 até 1990.

 No Segundo Decênio do estudo (1991-2001) ocorreram muitas chuvas em fevereiro, março, maio, setembro e dezembro em comparação com os outros dois Decênios foram períodos de muita chuva mantendo-se ainda no período a influência do fenômeno do El Niño variando de Forte, Fraco a Moderado e ODP atuando em sua Fase Fria entre os ano de 1992 a 1998 mudando de Fase Fria para Fase Quente  entre os anos de 1998 e 1999 se  mantendo na Fase Quente de 1999 até 2002, combinado a essas duas anomalias (ENSO e ODP) tivemos ainda a ocorrência do Dipolo do Atlântico Sul (TSAI) mudando da Fase Fria entre os anos de 1990 e 1991 e se mantendo na Fase Quente de 1991 até 1993 e posteriormente ainda dentro do período do Decênio (1991-2001) voltando para a Fase Fria em 1994 e se mantendo após o ano de 2001.

 Para o Terceiro Decênio (2001-2010) observa-se chuvas em praticamente todos os meses do período:  março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro, em comparação aos decênios anteriores            observa-se o início da Fase Quente da ODP iniciando em 1999 e se estendendo o fenômeno até 2002 mudando para a Fase Fria em 2003 indo até o ano de 2006, voltando para a Fase Quente em 2007 indo até 2009 para o período observado do estudo (2010), para este período observado do Decêndio (2001-2010) a ocorrência do ENSO se deu variando de Fases de Neutro (2001) para El Niño (Moderado) entre 2002-2003, passando a Fase Neutro entre 2004-2005 voltando para a Fase de El Niño (Moderado) entre 2006-2007 passando por La Niña (Moderado) entre os anos de 2007-2008 e voltando para o El Niño (Moderado) entre os anos de 2009-2010, a ocorrência de ODP alternando de Fases também é identificada mudando de fase Quente para a Fase Fria entre os anos de 2002 e 2003, se mantendo na Fase Fria de 2003 a 2006 e voltando para a Fase Quente se mantendo de 2007 a 2009, a ocorrência de Dipolo do Atlântico Sul (TSAI) se dá desde o início do Decênio (2001-2010).

Consegue-se perceber algumas variações na pluviosidade entre os Decênios quando analisado as Médias Pluviométricas para aqueles intervalos do ano (meses da Estação Verão e meses da Estação Inverno) ocorrendo em alguns momentos para MAIS e outros momentos para MENOS, necessitando assim uma maior amplitude no estudo analisando mês a mês e ano a ano e assim tentar correlacionar com mais segurança a Variabilidade Pluviométrica junto as ocorrências das Anomalias Climáticas. Com base nessa informação e observando como as mesmas ocorrem no ano e em alguns momentos ao mesmo tempo podem ter predominância na influência do clima em uma determinada região, entre os casos mais extremos podemos citar a crise hídrica da Região Sudeste entre 2014-2015.

Para uma melhor percepção da ocorrência e influência dos fenômenos se faz necessário ampliar a área geográfica de estudo entendendo-se aí que o maior quantitativo de água da Região Hidrográfica do Guandu – RHII advém da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, ampliando-se assim a rede de monitoramento e consequentemente de dados coletados de estações pluviométricas e fluviométricas (individualmente) existentes naquela região até a transposição que ocorre na Elevatória de Santa Cecília – Barra do Piraí-RJ.

Determinar dados em um período homogêneo a partir de estações pluviométricas e fluviométricas por meio de longas séries históricas com pelo menos 30 anos, analisar as séries históricas ano a ano, para uma melhor avaliação e observação de ocorrência dos fenômenos das teleconexões, fazer o tratamento dos dados coletados por meio de software estatísticos como o R das estações se faz necessário considerando possíveis falhas nos intervalos existentes e assim dar maior segurança na análise dos dados e verificação de tendências.

Outro fator importante desse estudo climatológico considerando fenômenos das interconexões climáticas é observar a influência em outras regiões para o estado do Rio de Janeiro, observando o comportamento de temperatura e pluviometria, considerando a ocorrência de grandes volumes de chuva em curto período de tempo (chuvas de longa recorrência) mas que acabam por acontecer com mais frequência, e ondas de calor com altas temperaturas além do padrão normal para determinadas regiões.

 

 

Notas de Rodapé

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Observações
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Artigo escrito por: Marcelo Danilo da Silva Bogalhão
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