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Influência das Interconexões Climáticas no Regime de Chuvas: Estudo da Bacia Hidrográfica do Guandu (pt.1)

Publicado em: 01.08.24 Escrito por: Marcelo Danilo da Silva Bogalhão Tempo de leitura: 6 min Temas: Desenvolvimento Verde, Meio ambiente e Sustentabilidade
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A Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, da Guarda e Guandu Mirim, denominada Região Hidrográfica II – RHII localizada na Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, Figura 1, conforme a Divisão Hidrográfica Nacional instituída pela Resolução n° 32/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), ocupando uma área de 3.815,6 km² cerca de 1,7% do território nacional abrangendo um território contendo 15 municípios sendo 6 integralmente na bacia e 9 parcialmente (Resolução CERHI nº 107/2013), fornecendo água para cerca de 9 milhões de pessoas, além de indústrias e a agropecuária.

Figura 1. Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

Fonte:  ANA (2003).

Uma das principais características da Bacia Hidrográfica do Guandu, é que a maior parte do quantitativo de água da bacia, é derivado do sistema hidráulico do Rio Paraíba do Sul, compreendendo um complexo conjunto de estruturas cujo objetivo atual é além de gerar energia e mitigar inundações aumentar a disponibilidade hídrica ao longo do curso d’água viabilizando assim a transposição de parte das suas águas para o Rio Guandu através da Estação Elevatória de Santa Cecília sistema operado pela Light S/A transferindo água desse rio para o Reservatório de Santana que após nova transposição essas águas chegam ao Rio Guandu alterando dessa maneira sua vazão natural tornando a Bacia Hidrográfica do Guandu extremamente vulnerável a eventos climáticos (PERH-GUANDU, 2018).

Estudos demonstram vulnerabilidade na disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do Guandu num horizonte até 2030 (PERHI-RJ, 2014) Figura 2, devido principalmente a interdependência do compartilhamento das águas do Rio Paraíba do Sul por 3 estados: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, agravando significativamente a demanda em períodos de crise hídrica como diminuição da vazão em consequência do déficit de precipitação afetando a quantidade e piorando a qualidade devido aos baixos níveis de coleta e tratamento de esgoto domésticos e indústrias que são lançados na bacia do Guandu, (PERH-GUANDU, 2018). 

Figura 2. Projeção para Demanda Hídrica-Cenários Futuros

Fonte: INEA (PERHI, 2014).

Lemos et al. (2010), menciona para o risco no setor das águas considerando um dos que mais será afetado pelas variabilidades climáticas sazonais em especial devido a ocorrência de fenômenos El Niño/La Niña afetando diretamente a sociedade e a economia, esse entendimento se faz necessário para o desenvolvimento de um planejamento que auxilie em tomadas de decisões quando na ocorrência de eventos extremos de crises hídricas como as já ocorridas recentemente no período de 2014 a 2015 (FEARNSIDE, 2015).

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) revelam metas ambientais importantes a serem alcançadas num horizonte até 2030 eles estão no centro da Agenda 2030 definidos em acordos internacionais no combate à pobreza, fome, e em questões ambientais e para melhora da qualidade de vida com maior sustentabilidade podemos citar algumas importantes que se adequam a esse estudo:  Saneamento e Água (ODS 6), Energia Renovável (ODS 7), Cidades e Comunidades Sustentáveis (ODS11), Mudanças Climáticas (ODS 13), Vida Terrestre (ODS15).

Contextualização e justificativa do trabalho 

A proposta do estudo está centrada em análises de dados das grandes interconexões climáticas as quais podem impactar nas questões relacionadas aos recursos hídricos e podendo ocasionar uma vulnerabilidade hídrica considerando a influência de fenômenos climatológicos globais e principalmente os que afetam o continente sul-americano, podendo alterar o regime de chuvas em uma determinada região do sudeste do Brasil (Alvarenga, 2012) tendo como área específica a Região Hidrográfica do Guandu – RHII, Figura 4.   

Entender a dinâmica dos extremos hidro meteorológicos é essencial para gestão dos recursos hídricos analisar a influência dos extremos de precipitação e vazão nas cabeceiras da Bacia do Rio Paraíba do Sul e sua relação com os modos de variabilidade climática são importantes para um bom planejamento de longo prazo (COELHO, 2019), a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul é uma das mais desenvolvidas industrialmente do país compreendendo em torno de 10% do PIB nacional e suas águas abastecem mais de 15 milhões de pessoas em sua maioria vivendo em regiões metropolitanas (MARENGO; ALVES, 2005).

Com a previsibilidade cada vez maior do aumento da população a necessidade de água para consumo, produção de alimentos e geração de energia tendem aumentar comprometendo cada vez mais os usos múltiplos dos recursos hídricos assim pesquisas que buscam entender e caracterizar a vulnerabilidade dos recursos hídricos face aos impactos negativos das mudanças e variabilidades climáticas globais adquirem particular importância (LEMOS et al, 2010). 

Quanto maior a dificuldade de um país em lidar com a variabilidade natural do clima e de seus eventos extremos maiores serão sua vulnerabilidade e seu esforço de adaptação aos efeitos das variabilidades e mudanças climáticas (POPPE; LA ROVERE, 2005),   Dione (1989) comenta que a bacia é a principal unidade para o planejamento de um determinado estudo sendo utilizada por vários países há algumas décadas sendo considerado para esse referencial a água elo de ligação entre meio ambiente e as atividades antrópicas.

Figura 4. Região Hidrográfica do Guandu – RHII

Fonte: PERH-GUANDU (2018).

Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a influência das grandes interconexões climáticas globais em séries de precipitações e vazões para Região Hidrográfica do Rio Guandu considerando variabilidade fluviométrica do Rio Paraíba do Sul. 

2.2 Objetivos Específicos

  • Coletar dados climatológicos, pluviométricos e fluviométricos para a Região Hidrográfica do Alto Paraíba do Sul e Região Hidrográfica do Guandu   em escala de tempo de 30 anos. 
  • Analisar as séries históricas e correlacionar com eventos extremos de chuva ou seca.
  • Observar ocorrências de anomalias hidrológicas que possam afetar quantitativo e qualitativo hídrico para Região Hidrográfica do Rio Guandu.

 

Observações
Este texto faz parte de um artigo completo escrito pelo autor. O artigo agora está subdividido em 3 partes na plataforma Rede Juntos, para conferir o restante acesse aqui.


*Esse conteúdo pode não refletir a opinião da Comunitas e foi produzido exclusivamente pelo especialista da Nossa Rede Juntos.

Artigo escrito por: Marcelo Danilo da Silva Bogalhão
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