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Empresas destinam mais de R$ 4 bilhões em investimentos sociais no país em um ano
As empresas monitoradas pelo Benchmarking do Investimento Social Corporativo da Comunitas investiram 0,80% do lucro bruto em 2022, alta em relação a 2021
Setembro, 2023
As empresas brasileiras reforçaram seu compromisso com a agenda social em 2022. O conjunto de empresas acompanhadas pelo Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), da Comunitas, mostrou patamar acima dos R$ 4 bilhões em investimentos sociais voluntários no ano passado e investiu 0,80% do lucro bruto, um aumento em relação à mediana de 0,69% investido em 2021.
Este indicador mensura a importância relativa da pauta social na agenda corporativa e é utilizado de forma bastante efetiva como benchmarking nacional e internacional, por permitir comparabilidade entre empresas e economias de diferentes portes de investimento.
Estes dados constam em publicação do BISC lançada no fim de agosto que traz os primeiros dados da Pesquisa BISC 2023, levantamento anual realizado desde 2008.
Quais foram os principais resultados do BISC 2023
Entre os grandes setores econômicos, os dados reportados indicam forte tendência de alta do investimento social das empresas industriais, que em 2022 investiram 1,13% de seu lucro bruto, maior taxa registrada na série histórica.
A indústria mostra intensa trajetória de elevação de seus aportes destinados a causas sociais nos últimos anos, bastante correlacionada com o advento da agenda ESG e do desenvolvimento sustentável e com sua aceleração perante a crise sanitária de Covid-19.
Por outro lado, é o setor de serviços que continua apresentando as empresas que mais investem socialmente como proporção de seu resultado operacional, notavelmente advindos do setor financeiro, embora o indicador mediano das empresas de serviços tenha sido de 0,55% do lucro bruto em 2022 (baixe a edição 2022 aqui).
Quando se analisa o volume total de investimento social corporativo das empresas, institutos e fundações corporativas acompanhadas pelo BISC, observa-se queda de 6,1% entre 2021 e 2022, ajustada pela inflação, somando R$ 4,026 bilhões.
A despeito da redução ante os patamares praticados durante os esforços de enfrentamento à pandemia (R$ 5,9 bilhões em 2020 e R$ 4,3 bilhões em 2021, em valores corrigidos), tal volume de investimentos segue bastante acima dos patamares pré-Covid-19.
O que está por trás do resultado
Tal quadro é provavelmente derivado do maior reconhecimento da importância da agenda da sustentabilidade corporativa e de como o investimento social é estratégico neste processo, além de termos em 2022 um cenário macroeconômico mais positivo que aquele de poucos anos atrás.
Além do mais, o BISC ressalta em sua publicação que esta redução no volume de investimento social não foi disseminada entre as empresas e institutos e fundações monitoradas e que foi influenciada por movimentos particulares de algumas grandes empresas investidoras.
De fato, quase 40% das empresas monitoradas reportaram crescimento em seus investimentos sociais, além de o investimento mediano ter subido de R$45 milhões para R$58 milhões de 2021 para 2022.
Outro ponto importante é que a queda dos investimentos se concentraram na redução das aplicações realizadas com recursos de incentivos fiscais. Após volume recorde em 2021, o investimento social incentivado caiu 23% em 2022, ainda assim somando R$ 950 milhões.
Para onde vai o investimento social corporativo
Por sua vez, os investimentos realizados com recursos próprios das empresas ficaram estáveis em termos reais em patamar próximo a R$ 3,1 bilhões, respondendo assim por 76% de todo o aporte destinado a programas e projetos sociais privados de ordem voluntária.
Na publicação, também resumimos as perspectivas coletadas para os próximos anos, que sugerem uma tendência de estabilidade do investimento social em relação aos níveis de 2022. No entanto, as projeções estão bastante divididas entre diferentes faixas de desempenho, havendo inclusive parcela relevante de empresas que esperam aumentar seus investimentos em taxa superior a 25%.
Caso o cenário econômico e político ofereça condições favoráveis ao crescimento do PIB e ao desenvolvimento sustentável, abre-se a perspectiva para um quadro mais positivo no qual o investimento social sustente trajetória de crescimento e a proporção do lucro bruto se aproxime de 1%.
Nesse sentido, são de alta relevância a iniciativa do governo federal de articular políticas públicas que fortaleçam o ecossistema socioambiental no país, processo no qual o investimento social privado tem papel bastante estratégico.
Regina Esteves é diretora-presidente da Comunitas.
Artigo publicado originalmente na coluna da revista Exame.
*Esse conteúdo pode não refletir a opinião da Comunitas e foi produzido exclusivamente pelo especialista da Nossa Rede Juntos.
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