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Desenvolvimento de Metas e Objetivos: Clareza e Realismo na Formulação do Plano de Governo

Publicado em: 08.08.24 Escrito por: Hugo Pedro Guornik Tempo de leitura: 6 min Temas: Planejamento Estratégico
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Na medida em que se entende um Plano de Governo, não só enquanto um instrumento de planejamento, mas também de publicidade e, após a eleição, enquanto uma das ferramentas que apoiam o controle social e acompanhamento das ações do governo eleito, realiza-se o depara entre o que foi prometido e o que está sendo feito de fato.

Nesse sentido, o mais importante é que o plano seja inteligível para o leitor, independentemente do seu nível de especialização ou letramento em determinado tema. A informação precisa ser permeável, inclusive, para a população com um menor acesso à educação formal. 

Assim, os objetivos e metas precisam ser explícitos e realizáveis, ao mesmo tempo em que trazem contexto para embasar a definição desses direcionadores. Há inúmeras formas de fazer essa construção, mas um conceito bastante difundido no meio corporativo pode ser muito útil nesse momento. O uso da metodologia SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Time-bound) permite que essas metas sejam definidas de maneira precisa, facilitando o monitoramento e a avaliação ao longo do tempo. Ao adotar essa abordagem, os governos podem garantir que seus objetivos sejam alcançados de maneira eficiente e eficaz, promovendo uma gestão pública mais transparente e responsável.

Metas específicas ajudam a definir exatamente o que se deseja alcançar, eliminando ambiguidades e permitindo que todos os envolvidos compreendam claramente os objetivos. Por exemplo, uma meta como “melhorar a segurança pública” é vaga e pode ser interpretada de várias maneiras, enquanto “reduzir a taxa de criminalidade em 40% nos territórios com maior incidência de crimes” é uma meta específica que direciona esforços para um resultado concreto.

Metas mensuráveis são fundamentais para o monitoramento do progresso e avaliação da eficácia e efetividade da ação pública, nesse caso. Quando construídas de modo a garantir a mensurabilidade, permitem a definição de critérios claros de desempenho, possibilitando ajustes durante a implementação do plano de governo. Utilizando indicadores quantitativos, como “reduzir a taxa de criminalidade (soma geral de todos os tipos de crime ocorridos no município) em 20%”, que pode ser medido pelo número de crimes registrados mensalmente nos relatórios policiais, torna-se possível acompanhar de perto o avanço das políticas públicas.

A ideia de metas atingíveis nos convida a analisar o quão uma intenção é factível no contexto em que está inserida. Aquelas metas que são verdadeiramente realistas e alcançáveis podem garantir que os diversos recursos disponíveis sejam utilizados de forma eficiente e que as expectativas sejam manejadas de acordo com as capacidades estatais existentes. Estabelecer metas alcançáveis, como “aumentar do efetivo policial em 40%”, “trocar a iluminação pública de X territórios” e “implementar 1 programa comunitário de segurança em bairros com altos índices de violência” podem corroborar para que outras metas definidas, como “reduzir a taxa de criminalidade em 40% nos territórios com maior incidência de crimes” mais críveis e factíveis. 

A qualificação das metas, ou seja, a compreensão da relevância das mesmas para se alcançar os objetivos gerais, é algo necessário. E, nesse caso, depende-se exclusivamente do diálogo entre os indivíduos envolvidos na elaboração do Plano. Por fim, a definição de um prazo determinado para alcançar as metas é essencial para manter o foco e a urgência, além de facilitar o planejamento estratégico, tático e operacional, bem como a gestão do tempo, permitindo que os progressos sejam revisados regularmente e que os esforços sejam ajustados conforme necessário.

Tendo em mente a maneira de construir metas, é importante que a equipe envolvida na elaboração do plano de governo compreenda que, mesmo existindo muito a ser feito, não é verdade que os recursos públicos e capital político do governo executivo dará conta de que tudo o que deve ser feito, será. Urgência e necessidade são palavras-chave nesse momento. 

Assim, hierarquizar as ações em um plano de governo com base em sua urgência e impacto é essencial para garantir a alocação eficaz de recursos e a maximização dos benefícios para a sociedade – a urgência de uma ação refere-se ao tempo crítico necessário para sua implementação, enquanto o impacto avalia a magnitude das mudanças ou melhorias que a ação proporcionará. Ao classificar as ações desta forma, os governos podem direcionar seus esforços para áreas que exigem atenção imediata e ao mesmo tempo gerar resultados significativos, assegurando que os recursos sejam utilizados de maneira otimizada.

Neste sentido, existem outras ferramentas que poderiam ser utilizadas para fazer com que o plano do governo priorize determinados objetivos e metas em detrimento de outros. Uma das técnicas mais utilizadas para fazer esta priorização é a matriz de urgência e impacto que coloca as ações em quatro quadrantes: alta urgência e alto impacto, baixa urgência e alto impacto, alta urgência e baixo impacto, e baixa urgência e baixo impacto. As ações de alta urgência e alto impacto devem ser priorizadas, pois são aquelas que trarão benefícios substanciais rapidamente. Pelo contrário, aquelas que são de baixa urgência e baixo impacto poderiam ser adiadas ou mesmo reconsideradas, deixando recursos para iniciativas críticas. 

Além disso, a priorização baseada na urgência e no impacto simplifica o processo de gestão, tornando mais fácil para o governo ser transparente e responsável. Com prioridades claramente definidas, torna-se mais fácil para o governo informar os cidadãos e outras partes interessadas sobre as decisões e razões pelas quais se alocou recursos e tomou medidas. Isto não só aumenta a confiança do público, mas também contribui para uma administração responsável e orientada para os resultados. Assim, utilizando esta abordagem estratégica, o governo é capaz de satisfazer as necessidades da população, promovendo um desenvolvimento equilibrado e sustentável.

Por fim, não é necessário que um plano de governo apresente, quando formulado, indicadores de desempenho e performance vinculados a cada objetivo e meta. Mas, de modo à atuação cotidiana do governo executivo refletir o que foi prometido no plano de governo, é recomendável que essa reflexão seja feita durante o processo de elaboração do documento. Dessa forma, a implementação de indicadores poderá ser facilitada e, por conseguinte, o acompanhamento das metas estabelecidas. 

E, você, gestor público? Qual você acredita ser a melhor estratégia ao montar um plano de governo? Conta para a gente nos comentários abaixo!



*Esse conteúdo pode não refletir a opinião da Comunitas e foi produzido exclusivamente pelo especialista da Nossa Rede Juntos.

Artigo escrito por: Hugo Pedro Guornik
Especialista em Investimento Social Privado e Colaborações Intersetoriais
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