Projeto Somar: Como Minas Gerais aumentou a frequência e melhorou o aproveitamento escolar por meio de projeto de contratualização
Introdução
O ensino fundamental foi praticamente universalizado no Brasil na década de 90. No entanto, apesar da boa frequência escolar dos alunos, a qualidade do ensino ainda precisava melhorar.
Apesar de altos recursos destinados à Educação, o montante não garantia de um ensino de qualidade – o que motivou investigações sobre modelos e possíveis reformas a serem implementadas.
Nesse sentido, parcerias público-privadas foram a resposta para aproveitar o eficiente trabalho do setor privado em conjunto com o público, garantindo um maior alcance da educação a quem mais precisa.
Um bom exemplo dos Estados Unidos e da Colômbia , são as escolas-charters com unidades privadas e organizações não-governamentais. O modelo permite que pais e professores candidatem a unidade em um processo de concorrência para receber recursos e fornecer serviços educacionais de forma gratuita.
A seleção de escolas é feita com base em critérios de quantidade de alunos, desempenho, além de taxas de repetências e evasão escolar.
As PPP’s demonstraram-se frutíferas aqui no Brasil, em Belo Horizonte (MG), com cerca de cinquenta escolas infantis gerenciadas pelo setor privado, com a empresa comandando o operacional e permitindo assim que os professores foquem no aspecto pedagógico.
O Governo de Minas celebrou recentemente o gerenciamento integral de três escolas estaduais a fim de promover melhorias na educação pública do estado – O Projeto Somar: A contratualização pela Educação!
A seguir, contamos detalhadamente como isso ocorreu!
Projeto Somar
O estado de Minas Gerais, visando a melhoria da qualidade na educação pública, buscou diferentes estratégias para a implementação do Novo Ensino Médio, mais aberto ao pluralismo de ideias e concepções pedagógicas.
Para suprir essa necessidade, o Projeto Somar foi criado a fim de estruturar um caso piloto de transferência da gestão de unidade escolar para uma organização da sociedade civil identificado como uma alternativa para oferta de ensino público, gratuito e de qualidade no Estado de Minas Gerais.
Objetivos da Contratualização
Os objetivos do projeto foram:
- Inovação aberta, com o estudo de experiências diversificadas tanto em metodologia de ensino, como em processos de gestão;
- Observação atenta para incorporar inovações para o restante da rede pública de ensino;
- Atração de investimento social privado para qualificação do ensino;
- Gestão por resultados, a partir de plano de trabalho com metas previstas tanto para garantia da oferta como para avaliação de aprendizagem. Em caso de desempenho insatisfatório, a parceria poderia ser descontinuada;
- Melhoria da qualidade de ensino, permeada pelo acompanhamento da experiência piloto que permitiria avaliar indicadores de qualidade do ensino e na satisfação de pais e alunos.
Modelo de Governança
O modelo de governança adotado para gestão do projeto está estruturado numa matriz composta pelas instâncias de Gestão e Controle, e de Monitoramento e Avaliação, onde o eixo central ocorre por meio dos Gestores das Unidades Escolares, Diretores e Vice-Diretores.
Vale destacar que a instância de Gestão e Controle é composta pelas Superintendências de Ensino, Subsecretaria de Desenvolvimento, Diretoria de Ensino e da própria Organização da Sociedade Civil (OSC), e Monitoramento e Avaliação é composta pela Comissão de monitoramento e avaliação Central e Regional, pelo serviço de Inspeção Escolar e pela Comunidade Escolar.
Por este modelo, uma rotina de reuniões quinzenais e mensais são mantidas com as diferentes instâncias que possibilita, por exemplo, o redesenho do fluxo dos principais processos operacionais da escola.
Desenvolvimento do Projeto
O trabalho da Comunitas no projeto foi realizado em conjunto com a equipe da Secretaria de Estado de Educação com intuito de apoiar a realização do caso piloto de transferência de gestão de unidade escolar para organização da sociedade civil. Este trabalho envolveu a construção de um cronograma baseado no calendário escolar de 2021, o mapeamento e antecipação de riscos para o cumprimento dos prazos, o apoio técnico especializado para a operacionalização e a articulação com atores internos e externos relevantes para o sucesso do projeto.
As etapas do trabalho foram divididas em:
- Alinhamento inicial: análise do estudo de viabilidade, identificação dos atores
- Refinamento: delimitação de escopo e limites (nº de alunos, identificação e perfil das escolas, recursos)
- Mapeamento de oferta: levantamento potencial de parceiros, revisão de modelagem, benchmark.
- Modelagem da seleção: modelo de parceria, minuta de chamamento
- Apoio operacional ao processo seletivo
- Mapeamento de parceiros externos
Com as etapas concluídas, os resultados esperados foram:
- Edital de seleção de OSC para gestão de unidade escolar publicado
- Parceria para transferência da gestão de unidade escolar formalizada
Processo Seletivo
Três escolas que preenchiam os critérios estabelecidos foram selecionadas. Em uma delas, o índice de reprovação chegava a quase 23%, e o abandono próximo a 7%.
- Porte médio (600 – 1200);
- Menor custo aluno;
- Maior número de servidores;
- Piores resultados IDEB;
- Fatores qualitativos com análise da escola/comunidade/SER;
- Remanejo da EJA para unidade próxima
- Total de 2127 alunos.
Após o desenvolvimento, o projeto selecionou os diretores e professores que dariam início ao ano letivo na segunda quinzena de fevereiro de 2022.
Desafios e Soluções
A transição da gestão atrasou a assinatura do Termo de Colaboração, prejudicando assim o início das aulas, contratação de profissionais e organização do ano letivo. → Por isso, em 2023, a equipe se mantém sem necessidade de nova convocação.
A contratação de pessoal também sofreu com empecilhos, considerando que o Decreto Estadual nº 47132 de 20/01/2017 não permite a contratação de cônjuges/parentes de servidores estaduais, reduzindo o universo de professores que poderiam ser contratados. → Entretanto, como a vedação não existe na legislação federal do MROSC, a proposta para 2023 é a inclusão de uma excepcionalidade no Decreto.
Apesar da Legislação criteriosa, esta não se adequou o suficiente às resoluções, portarias, registros nos sistemas gerenciais e nos trâmites de monitoramento e fiscalização → Sendo assim, SEE identifica e altera o que for necessário, inclusive sobre a regulamentação do CEE.
O Financiamento na EE Coronel Adelino Castelo Branco iniciou o ano letivo com um total de estudantes abaixo do estabelecido para a sustentabilidade do projeto, de acordo com a modelagem financeira. → Em virtude disso, a portaria interministerial atualizou valor de parceria. Contudo, a SEE também implementou estratégias para aumentar o quantitativo de estudantes e espera-se que a melhoria nos resultados contribua para rever o quadro.
Outro ponto que mereceu atenção esteve relacionado à Liderança nas Escolas. Isso, por conta da grande rotatividade no cargo de diretores e vice-diretores, tanto por não atenderem às expectativas, como por solicitação dos servidores. → Revisão do edital do processo de seleção de forma que a escolha seja mais criteriosa.
Por último, está o desafio no âmbito da Governança, devido aos múltiplos atores envolvidos na gestão compartilhada. Houve dificuldade no entendimento dos papéis e responsabilidades. → Isso pode ser melhor estruturado com nova proposta de governança, que está em fase de implementação.
Resultados na Educação
O Projeto Somar obteve resultados positivos com as medidas adotadas entre os setores, proporcionando exemplos para o gestor replicar na Educação Pública do seu governo.
- A frequência média dos estudantes no 1º semestre foi maior do que a média da rede para duas das três escolas. A Escola Estadual (EE) Coronel Adelino registrou resultado igual à média da rede.
- Aproveitamento escolar: todas as escolas apresentaram percentual de estudantes reprovados por nota nos 1º e 2º bimestres acima da média da rede, o que pode demonstrar nível de exigência maior dos professores. As escolas com maiores taxas de reprovação por nota são as que apresentaram as maiores notas nas avaliações.
- EE Maria Andrade Resende apresentou participação acima ou similar à média da rede para todas as avaliações e proficiência em português e matemática acima da média da rede.
- EE Francisco Menezes Filho iniciou o ano com participação e proficiência abaixo da média da rede e, na última avaliação, apresentou resultados superiores à rede.
- EE Coronel Adelino Castelo Branco apresentou participação abaixo da rede em todas as avaliações e proficiência também abaixo ou similar à média da rede.
Quer replicar essa boa prática no seu território? Entre em contato com a gente!
Olá sou aluna de mestrado em educação e gostaria de analisar os documentos compilados para o seu tópico de Resultado na educação. Como faço para obtê-los?
Olá, Glenda. Boa tarde! Tudo bem? Ficamos felizes que tenha se interessado pela boa prática. Infelizmente não temos autorização para compartilhar os documentos do projeto. Mas, recomendamos que entre em contato com a equipe da Secretaria de Educação do Governo do Estado de Minas Gerais a fim de solicitar a documentação. Esperamos ter ajudado! Obrigado.